Díli,
16 jun (Lusa) - A primeira-dama timorense, Isabel da Costa Ferreira, reuniu-se
hoje durante cerca de 40 minutos com o português Tiago Guerra, detido
preventivamente na cadeia de Becora, em Díli, com quem conversou sobre as
condições em que se encontra.
O
encontro decorreu durante uma visita de cerca de duas horas e meia que a mulher
do chefe de Estado timorense efetuou ao maior centro prisional de Timor-Leste,
onde estão atualmente 473 detidos, dos quais 114 em prisão preventiva.
"Em
termos de condições, está bem mas, psicologicamente, com muita tristeza por
estar longe da família, especialmente dos filhos", disse à Lusa.
"Ele
compreende que as condições da nossa prisão não são as melhores. Temos muitos
problemas em Timor. As
escolas não têm carteiras, temos problemas na saúde e por isso não podemos
responder já às preocupações dos detidos", afirmou.
Recusando-se
a comentar aspetos sobre o caso em concreto, a primeira-dama disse que é
importante respeitar o sistema de justiça e esperar a conclusão do processo.
Durante
a visita ao centro prisional, a primeira-dama conversou com vários reclusos, de
quem ouviu preocupações sobre as condições em que se encontram os detidos.
Segundo
dados fornecidos à Lusa pelo diretor da prisão, João Domingos, estão atualmente
em Becora 21 estrangeiros - Tiago Guerra, 12 indonésios, quatro filipinos, dois
chineses, um australiano e um singapuriano.
Estão
detidos 33 jovens, com menos de 21 anos, nove ex-elementos da Polícia Nacional
(PNTL) e um ex-elemento das forças armadas (F-FDTL).
Na
segunda-feira, o ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministro de
Timor-Leste, Agio Pereira, disse que a justiça timorense está a fazer tudo o
que é possível para concluir o processo judicial de Tiago Guerra, que está em
prisão preventiva desde outubro de 2014.
"Sabemos
que o nosso setor de Justiça, sobretudo no âmbito da Procuradoria-Geral da
República, está a fazer tudo, dentro do possível, para poder concluir este
processo", disse à Lusa Agio Pereira.
Recorde-se
que o português Tiago Guerra, suspeito do crime de branqueamento de capitais,
foi detido em Díli, juntamente com a mulher, a 18 de outubro de 2014.
Guerra
está em prisão preventiva - que foi renovada por mais seis meses em abril - sem
acusação formal e a sua mulher, Chan Fong Fong Guerra, está com Termo de
Identidade e Residência (TIR), impossibilitada de sair de Timor-Leste.
A
lei timorense prevê que a prisão preventiva possa ser aplicada durante um ano e
meio renovável, em casos de grande complexidade, por mais um ano.
"Este
(processo) está no âmbito processual da justiça. Já conversei com os seus pais
(de Tiago Guerra) aqui (na conferência em Lisboa). Todos nós somos humanos,
sentimos a sensibilidade de como questões processuais afetam famílias",
sublinhou Agio Pereira.
"Não
é prazer nenhum para o nosso Estado manter pessoas na prisão sem justificação e
esperemos que este processo de investigação seja concluído o mais rápido
possível", sublinhou ainda o ministro timorense.
Oficialmente,
e como disse recentemente à Lusa o procurador-geral timorense, José Ximenes,
Tiago Guerra é suspeito do crime de branqueamento de capitais com "factos
que aconteceram em vários países", explicando que foram enviadas cartas
rogatórias com pedidos de informação para Portugal e para Macau.
Carlos
Guerra, pai de Tiago Guerra, disse em recente entrevista à Lusa estar incrédulo
com a detenção do filho e com os contornos de um processo que deixou a família
"destroçada".
O
caso de Tiago Guerra, que está preso na cadeia de Becora, em Díli, está a suscitar
uma ampla campanha de solidariedade dentro e fora das redes sociais com muitos
a escreverem diretamente às autoridades timorenses a pedirem a sua intervenção.
ASP
(CSR) // JPS
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