Díli,
18 jun (Lusa) - Agricultores timorenses apoiados por uma escola agrícola,
produziram os primeiros 20 quilogramas de chocolate negro do país, criando, com
produtos locais como chili e gengibre, as primeiras barras de chocolate de
Timor-Leste.
O
projeto, desenvolvido pelo Ministério da Agrícola e Pesca com apoio da União
Europeia e do Governo alemão, pretendia reintroduzir cacau como uma fonte
alternativa de receitas para agricultores timorenses em pequena escala,
especialmente no sul da ilha.
O
projeto visitou 750 famílias agrícolas e pretendia reabilitar ou plantar novas
árvores de cacau em 150 hectares, integrando-as em sistemas agrícolas já
existentes, nomeadamente aproveitando cerca de 36 hectares de plantações
existentes nas zonas de Viqueque e Manatuto (a leste).
Professores
da Escola Agrícola de Natarbora colheram e fermentaram os primeiros frutos,
tendo depois a qualidade sido testada pelo produtor de chocolate orgânico
"Pod" em Bali, na Indonésia, para verificar a potencialidade da
produção timorense.
Isso
permitiu produzir 20 quilos de chocolate negro, com um conteúdo de cacau de
64%, tendo parte desse chocolate sido misturado com chili e gengibre, também
produzido localmente e preparado pela empresa Timorganic.
O
chocolate orgânico foi considerado pela Pod como de "excelente
qualidade" o que aumenta significativamente o potencial de venda do
produto timorense.
O
objetivo é agora analisar a potencialidade da produção nacional e formas de a
expandir para venda no mercado nacional ou internacional.
Quer
durante o período colonial português, quer durante a ocupação indonésia,
realizaram-se pequenas experiências, em pequena escala, para a plantação de
cacau, sem que tenha havido grande esforço de formação ou trabalho de
manutenção das plantas.
Hélio
Esteve Felgas, no seu livro "Timor Português", (publicado em 1956),
já referia que o cacau "é cultivado em Timor, em especial na região de
Hatolia (a sudoeste de Díli) e a sua qualidade é excelente".
Os
cuidados especiais que a planta exigia, tornavam a sua cultura difícil para os
agricultores timorenses mas, ainda assim, Felgas regista exportações de 12
toneladas, em 1925, que caíram nos anos seguintes, atingindo depois, já em
1953, as 15 toneladas.
Como
ocorria com outros produtos agrícolas (nomeadamente o café), a produção e
comércio do cacau era controlada pela Sociedade Agrícola Pátria e Trabalho (SAPT),
fundada pelo governador Celestino da Silva.
ASP
// JCS
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