Díli,
16 jun (Lusa) - O poderio naval na Ásia tem registado um aumento significativo
nos últimos anos com as doutrinas das várias potências a "evoluírem"
de defensivas para ofensivas, permanecendo por resolver várias disputas
territoriais, afirmou um especialista timorense.
"Evidencia-se
um acréscimo enorme do poderio naval na Ásia. As doutrinas também evoluíram, de
defensivas para ofensivas, e mesmo o Japão tem uma com postura cada vez mais
ofensiva", afirmou Loro Horta, atual conselheiro da embaixada de Timor-Leste
em Pequim.
Horta,
que é também e consultor do Centro Regional das Nações Unidas para a Diplomacia
Preventiva na Ásia Central (UNRCCA), intervinha numa palestra organizada pelo
Instituto de Defesa Nacional (IDN) em Díli e subordinada ao tema "estratégias
marítimas na Ásia".
Apesar
do aumento do poder naval, e de evidentes tensões, Loro Horta destacou o facto
de haver sinais positivos, nomeadamente porque nos últimos anos
"conseguiram resolver pacificamente as suas disputas marítimas".
"O
maior desafio, porém, continua a ser o nacionalismo que se vê em vários países
da região", explicou.
Segundo
Loro Horta, a armada norte-americana continua a ser "a mais poderosa na
região asiática", com 10 porta-aviões, nucleares, contra um da China e
dois da Índia, e 65% de todo o seu dispositivo naval nesta região.
"A
presença dos Estados Unidos é uma força positiva que mantém um balanço positivo
de forças. A sua retirada seria prejudicial", considerou.
Em
resposta ao poder norte-americano, explicou, a China tem apostado
fundamentalmente numa estratégia de "guerra assimétrica, ou de guerrilha
marítima, usando as fraquezas do inimigo".
Isso
implica utilizar os arquipélagos das ilhas para instalar milhares de mísseis de
cruzeiro e balísticos, desenvolvendo submarinos e "vedetas
missilísticas" para uma "estratégia de enxame".
"É
a aposta na saturação do sistema por números e tecnologia. Muitas das ogivas
têm varias cabeças, ou podem procurar alvos de forma independente. O objetivo
é, a longo prazo, poder desafiar a marinha americana de igual para igual",
afirmou.
Para
o diretor do IDN, o capitão-de-Mar-e-Guerra Pedro Klamar Fuik (Donanciano
Gomes), Timor-Leste também deve olhar cada vez mais para o mar, com uma
estratégia de fortalecimento do desenvolvimento económico.
Isso,
considerou, obriga a criar uma "consciência nacional sobre o mar",
com uma "nova orientação para o projeto do mar como instrumento de
identidade nacional multissetorial".
"Timor-Leste
não pode estar apenas circunscrito a um setor único, como Estado petrolífero ou
como Estado agrícola. Deve afirmar-se também como Estado marítimo",
afirmou.
O
desenvolvimento de mais infraestruturas marítimas, a resolução de disputas
sobre fronteiras marítimas e o desenvolvimento quer da costa norte quer da
costa sul da ilha são algumas das prioridades, defendeu.
"A
posição geográfica de Timor-Leste é uma oportunidade crucial para o
desenvolvimento de Timor-Leste. A questão do mar é estratégica para o
fortalecimento e consolidação enquanto estado independente e para o seu
futuro", afirmou.
O
IDN está a organizar ainda para este ano um ciclo de conferências dedicadas ao
tema do mar.
ASP
// JPS
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