Pequim,
01 set (Lusa) - "Hoje, ir até Tiananmen é Mei Banfa (sem hipótese)",
atira o taxista, ao ser requisitado para uma viagem até à famosa praça
localizada no centro de Pequim, e cujos acessos estão cortados.
Nas
vésperas de festejar o 70.º aniversário da "Vitória da China na Guerra de
Resistência contra a Agressão Japonesa", a capital chinesa está a
funcionar a "meio gás", para dar lugar a uma parada militar sem
precedentes.
Dezenas
de estações do metro de Pequim, o maior do mundo com 527 quilómetros de
extensão, foram temporariamente encerradas.
Desde
há mais de uma semana, os automóveis particulares circulam alternadamente, de
acordo com o último número da respetiva matrícula: um dia pares; noutro
ímpares.
"Tenho
de ir de bicicleta para o trabalho", lamenta uma francesa, funcionária num
órgão estatal chinês com sede no moderno e cosmopolita CBD (Central Business
District).
O
comércio foi igualmente afetado: no "village" de Sanlitun, centro de
consumo e diversão noturna da capital, todos os estabelecimentos se encontravam
encerrados no último fim de semana, com vista a um ensaio para as celebrações
de quinta-feira.
Um
pouco mais a sul, junto ao icónico Estádio dos Trabalhadores, onde há mais de
uma dezena de 'nightclubs' e discotecas, o cenário era igualmente desolador:
nem a iluminação pública se manteve ligada.
"Todas
as ruas serão patrulhadas e haverá gente estacionada nos pontos-chave da
cidade", disse a agência oficial chinesa Xinhua, sobre os 850 mil voluntários
destacados para apoiar a polícia.
Envergando
braçadeiras vermelhas, estes "voluntários" estão em todo o lado:
ruas, centros comerciais e, até, nos supermercados.
O
espaço aéreo não será poupado: O Aeroporto Internacional de Pequim - o segundo
mais movimentado do mundo - e o Aeroporto de Nanyuan vão ser encerrados ao
público entre as 09:30 e as 12:30 de quinta-feira.
Ao
todo são esperados em Pequim 30 chefes de Estado, incluindo o Presidente da
Rússia, Vladimir Putin, e a Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye.
O
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, assim como o antigo primeiro-ministro
britânico Tony Blair e o anterior chanceler alemão Gerhard Schroeder também
estarão presentes.
Mas
as medidas do Governo chinês não se limitam à capital.
Para
eliminar a crónica poluição da cidade durante as comemorações, cerca de 2.000
fábricas das províncias vizinhas tiveram que reduzir ou suspender a produção.
Na Mongólia Interior, os automóveis mais poluentes estão proibidos de entrar em
Pequim.
Além
da parada militar, quase duas centenas de espetáculos, dez filmes e doze séries
de televisão assinalam a efeméride.
"O
objetivo é ilustrar o duro caminho do povo chinês até à vitória, evidenciando o
papel de ancoradouro que o Partido Comunista Chinês desempenhou na guerra e
salientando a contribuição do campo de batalha oriental para a vitória na
Guerra Anti-Fascista Mundial", disse Tian Jin, vice-ministro da
Administração Estatal da Imprensa, Publicações, Radio, Cinema e Televisão, em
julho passado.
Em
2014, no contexto de uma renovada tensão nas relações sino-japonesas, o governo
chinês instituiu o 3 de setembro como Dia Nacional da Vitória da China na
Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa, mas só este ano será feriado
nacional.
A
data assinala a rendição do Japão, ato realizado a bordo de um navio
norte-americano no dia 02 de setembro de 1945.
Segundo
estimativas chinesas, a ocupação japonesa, de 1937 a 1945, causou cerca de 35
milhões de mortos entre civis e militares.
JOYP
// FV.
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