Nova
Iorque, 30 set (Lusa) - Timor-Leste é hoje apresentado como um "modelo
sustentável de construção da paz", afirmou hoje o primeiro-ministro timorense,
Rui Maria de Araújo, no Fórum de Líderes Mundiais, na Universidade de Columbia,
em Nova Iorque.
"Após
quase 500 anos de colonização portuguesa seguida da ocupação da Indonésia, a
nossa nação começou do nada, começámos do zero, sem dinheiro e sem instituições
públicas. Tivemos que tomar controlo do nosso próprio destino", declarou.
Numa
conferência realizada língua inglesa, o chefe do governo timorense afirmou
ainda que as pequenas economias não serão capazes de resolver sozinhas os seus
problemas de desigualdade e pobreza.
"Sabemos
mais que muitos que a ONU não é a instituição perfeita e que precisa de
reforma. Mas Timor-Leste tem muito a agradecer às Nações Unidas. Após a invasão
indonésia, a ONU foi o nosso principal defensor da justiça e autodeterminação.
Em 2012, a última missão da ONU saiu do nosso país".
Na
sua opinião, a organização desempenha um importante papel na proteção dos
Estados frágeis e na manutenção do diálogo a nível mundial.
A
consequência das tomadas de decisões dos grandes países afeta os pequenos.
"São as nações menores as que são sempre as mais afetadas tanto em relação
à pobreza como a conflitos", considerou.
"Em
Timor-Leste, sabemos bem o efeito destrutivo do conflito no desenvolvimento
humano. E sabemos também que não haverá desenvolvimento sem paz".
Araújo
relembrou que em dezembro de 1975, quando ainda era adolescente, com 11 anos de
idade, a Indonésia invadiu o seu país. "O meu pai foi preso e condenado
sem ter recebido nenhuma acusação ou passar por julgamento. Vivemos o desespero
do medo e da fome. Esta foi a experiência do meu povo".
Ao
longo de 24 anos de ocupação indonésia, um terço de timorenses foi executado.
"Nos encontrávamos sob a Guerra Fria. As potências mundiais apoiavam a
ditadura na Indonésia que assombrava a sua população e nós, timorenses".
Rui
Araújo defendeu que os países pequenos e frágeis precisam de ajuda
internacional para que possam construir um "Estado resiliente e
consolidado".
O
primeiro-ministro timorense destacou ainda que um dos grandes desafios mundiais
é construir a agenda de desenvolvimento para 2030, com as 17 metas sustentáveis
lançadas pela ONU na passada semana.
"Muitas
das pessoas em Timor continuam a sofrer de extrema pobreza. A globalização
ajudou a retirar muitos da pobreza. Contudo, outros tantos foram deixados para
trás. O mundo reconhece hoje a necessidade de superar as desigualdades",
defendeu.
O
vagaroso ritmo de recuperação económica mundial está a impedir o
desenvolvimento de muitos países, disse.
"Apenas
se trabalharmos juntos poderemos alcançar a paz e a justiça no mundo, além do
respeito à dignidade humana", concluiu.
FOS
// EL
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