Lisboa,
25 jan (Lusa) - A nova crise político-militar em Moçambique é uma questão que
"preocupa", disse hoje à agência Lusa o secretário-executivo da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que responsabilizou a
oposição pela instabilidade reinante no país.
Murade
Murargy, porém, manifestou-se esperançado em que o Governo moçambicano,
liderado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), e a oposição,
chefiada pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), se sentem à mesa na
busca de uma solução pacífica.
"É
uma situação que me preocupa, mas estou confiante em que o Governo moçambicano
e a própria oposição encontrem uma forma de se entenderem. Pode levar o seu
tempo, mas acredito nisso", afirmou, à margem da sessão de abertura da
reunião de Pontos Focais sobre Trabalho Infantil, que se prolonga até
quarta-feira.
"Sempre
que acontecem eleições, temos logo a seguir um período de instabilidade. É
certo que este período já dura há quase um ano (as eleições presidenciais
ocorreram em outubro de 2014 e a posse em janeiro de 2015). Estamos nesse
período em que a Renamo contesta sempre os resultados", sublinhou.
Para
Murade Murargy, que vai visitar oficialmente Moçambique em março na qualidade
de secretário-executivo da CPLP, a primeira ao seu país natal enquanto tal, a
instabilidade pós-eleitoral acontece mesmo apesar de a Renamo ter estado
presente na verificação e observação das eleições com os seus delegados.
"Nunca
aceita os resultados das eleições. Estamos nesse período de contestação.
Infelizmente, desta vez redundou um pouco em ações militares, que são
protagonismos que, espero, não venham a constituir um programa grave. Vamos
esperar para ver", acrescentou.
O
último episódio das "divergências" entre o Governo e a oposição
aconteceu na passada quarta-feira, quando o secretário-geral da Renamo, Manuel
Bissopo, foi baleado na Beira, centro de Moçambique, encontrando-se já num
hospital sul-africano, para onde foi entretanto transferido no dia seguinte.
Segundo
jornalistas locais ouvidos pela Lusa, os atiradores, que se faziam transportar
em duas viaturas, bloquearam o carro em que seguia Bissopo e abriram fogo.
O
guarda-costas do secretário-geral morreu no local, tendo outros que seguiam na
viatura sofrido ferimentos ligeiros.
A
polícia continua sem pistas dos atiradores e sem a identificação das viaturas
usadas no crime.
Moçambique
vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo
ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país, onde o
movimento alega ter ganhado nas eleições gerais de 2014.
JSD
(HB) // VM
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