O
líder da bancada parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM)
condenou hoje o ataque a tiro na quarta-feira contra o secretário-geral do
partido Renamo, Manuel Bissopo, considerando que Moçambique está a criar uma
"cultura de violência".
"Nós
estamos a promover a cultura de violência neste país e isso deve ser combatido
por parte de quem está dirigir o Estado", afirmou à Lusa Lutero Simango,
apontando, a título de exemplo, assassínios não esclarecidos de jornalistas e
académicos com opiniões desfavoráveis ao poder nos últimos tempos ou um membro
do MDM alegadamente queimado vivo na província de Tete.
"Isto
não pode continuar assim", referiu o líder parlamentar do MDM, reiterando
a necessidade de as autoridades criarem uma comissão para investigação do
ataque ao dirigente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e exigindo um
posicionamento mais pujante face ao que considera ser "uma cultura de
violência a tomar o país".
Manuel
Bissopo foi baleado no princípio da tarde de quarta-feira na Beira, no bairro
da Ponta Gea, centro da Beira, após uma conferência de imprensa para denunciar
alegados raptos e assassínios de quadros da Renamo.
Jornalistas
locais ouvidos pela Lusa disseram que os atiradores, que se faziam transportar
em duas viaturas, bloquearam o carro em que seguia Bissopo e abriram fogo,
tendo alvejado mortalmente o seu segurança.
O
dirigente da Renamo e deputado mantinha-se hoje numa clínica privada na Beira e
o seu quadro de saúde era considerado, por fontes do seu partido, como estacionário.
"Qualquer
atentado contra a vida de um cidadão é condenável", disse à Lusa Lutero
Simango, acrescentando, no entanto, que as informações são ainda escassas e
contraditórias para formular conclusões definitivas sobre o incidente que
envolveu o secretário-geral do maior partido de oposição.
Em
conferência de imprensa, nas primeiras horas do dia, o porta-voz do comando
provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, Daniel
Macuácua, disse que já estão em curso as investigações para o esclarecimento do
crime, admitindo, no entanto, que as informações ainda são escassas e
baseiam-se em testemunhos que presenciaram o incidente.
"A
PRM continua a trabalhar afincadamente para o esclarecimento deste caso",
reiterou o porta-voz.
A
Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder) e a Renamo têm
vindo a acusar-se mutuamente de rapto e assassínio dos seus dirigentes na
província de Sofala.
Moçambique
vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do
país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
O
líder da Renamo não é visto em público desde 09 de outubro, quando a sua
residência na Beira foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por
algumas horas, a sua guarda.
Nos
pronunciamentos públicos que tem feito nos últimos dias, Dhlakama afirma ter
voltado para Sadjundjira, distrito de Gorongosa, mas alguns círculos questionam
a fiabilidade dessa informação, tendo em conta uma alegada forte presença das
forças de defesa e segurança moçambicanas nessa zona.
A
Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e
da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há
vários meses.
O
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem reiterado a sua disponibilidade para
se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais
nada a conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da
Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela
oposição.
EYAC
(AYAC/HB/ PMA) //APN - Lusa
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