segunda-feira, 16 de maio de 2016

Governo timorense quer em 2020 pagar salários e pensões com receitas não-petrolíferas


Díli, 16 mai (Lusa) - O Governo timorense quer aumentar progressivamente as suas receitas não-petrolíferas para conseguir, até 2020, pagar totalmente com essa fonte os gastos em salários e pensões, segundo uma comissão ministerial.

"O objetivo é conseguir em 2020 atingir receitas não petrolíferas totais de 355 milhões, cobrindo assim totalmente os gastos em salários e em pensões dos veteranos", disse em Díli Fernanda Borges, responsável da Comissão de Reforma Fiscal.

Fernanda Borges falava nas Jornadas Orçamentais, organizadas pelo executivo timorense para arrancar o debate de preparação do Orçamento do Estado para 2017, num encontro aberto à sociedade civil e à imprensa.

A responsável da equipa que está a estudar a reforma fiscal em Timor-Leste sustenta que "gradualmente" o país está a aumentar as receitas não petrolíferas, que espera fazer crescer com alterações tributárias significativas no próximo ano.

Em 2015, o Estado recolheu 157,37 milhões de dólares em receitas domésticas não petrolíferas - incluindo impostos de rendimento, receitas alfandegárias e outras - ou 94,5% do orçamentado.

Nos primeiros quatro meses deste ano, o Estado recolheu cerca de 52 milhões de dólares, ou aproximadamente 33% dos 167 milhões orçamentados.

O objetivo é atingir em 2017 os 223 milhões, ou 13,3% do PIB não petrolífero, e 291 milhões (ou 15,8% do PIB não petrolífero) em 2018.

"É preciso gradualmente ir aumentando estas receitas para tentar que cubram, pelo menos, salários e pensões", afirmou.

Na prática, explicou, trata-se de implementar a reforma fiscal em curso, delineada por dois objetivos centrais, "aumentar em 15% as receitas domésticas não petrolíferas até 2020" e, ao mesmo tempo, "aumentar a eficiência e efetividade" do sistema tributário.

Para isso, e entre outras reformas, o Governo conta implementar a partir de 2018 ou 2019 um imposto sobre o consumo, algo que, sublinha Fernanda Borges, "precisa de muita preparação, tanto legislativa como também a nível dos modelos e sistemas na administração tributária e nos comerciantes".

No mesmo debate, o primeiro-ministro, Rui Maria de Araújo, disse que é vital alterar a dinâmica de gastos do Estado, para que Timor-Leste deixe de depender das receitas petrolíferas.

"Não podemos depender a 100% do fundo petrolífero. Temos de imprimir uma dinâmica de sustentabilidade nos gastos públicos. Por isso é tão importante a reforma fiscal e económica", afirmou.

"Mas tem de ser um esforço de todos, em que todos podem contribuir para o processo de desenvolvimento. Por isso, apelo a dirigentes a nível político e a nível da administração pública para que tenham uma visão global dos problemas do país e da necessidade de um esforço de conjunto", considerou.

O debate de hoje pretende definir as grandes linhas gerais, as prioridades nacionais e o envelope fiscal e teto de gasto do Orçamento de 2017.

A jornada de debate conta com a presença de grande parte do Governo, vários deputados, diretores nacionais, responsáveis de instituições e agências públicas e representantes da sociedade civil e de parceiros de desenvolvimento.

É o primeiro debate alargado de um processo que, explicou Rui Araújo, terá como ponto alto a apresentação pelo Governo ao Parlamento, a 18 de outubro, do Orçamento do Estado de 2017.

ASP // MP

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