quinta-feira, 12 de maio de 2016

Timor-Leste disponível a prolongar presidência da CPLP se Brasil não marcar cimeira


Díli, 12 mai (Lusa) - Timor-Leste está disponível para continuar a presidir à CPLP se o Brasil tiver de adiar a cimeira de chefes de Estado e de Governo prevista para julho e na qual Díli passaria o testemunho a Brasília.

Fonte da presidência timorense da CPLP disse à Lusa que, até ao momento, Díli não recebeu qualquer comunicação do Brasil sobre a realização da cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

"Timor-Leste está disponível para continuar a assumir em pleno a presidência rotativa [da CPLP]", disse a mesma fonte em Díli.

Caso o Brasil não realize a cimeira em julho, como está previsto e porque é nesse encontro que a presidência se transfere, Timor-Leste continuará a manter a presidência rotativa até que o encontro se realize.

A cimeira de Brasília marca o 20.º aniversário da organização e coincide com a mudança do secretário-executivo da CPLP.

No início deste mês, o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) mostrou-se "preocupado" por o Brasil ainda não ter marcado a data para a cimeira.

"Partilhámos as nossas preocupações por os preparativos para a cimeira não terem sido ainda iniciados porque não temos ainda o indicativo da data para a cimeira, e é importante que se marque a data para iniciarmos o processo de preparação em cadeia", disse Murade Murargy, em declarações à Lusa.

"A situação no Brasil preocupa-nos porque não há ainda um clima de tranquilidade para que possam sentar-se e pensarem na cimeira; o Governo e a Presidência estão preocupados com a situação interna, mas do nosso lado estamos a aguardar que o Brasil nos informe sobre as datas em que poderão acolher a cimeira", acrescentou o secretário executivo da CPLP.

A crise política e económica do Brasil é apenas um dos problemas que afetam vários países desta organização, com destaque para a recessão económica na Guiné Equatorial, o pedido de ajuda externa de Angola ao Fundo Monetário Internacional e a crise da dívida em Moçambique.

Questionado sobre se os problemas internos de cada país podem contribuir para um afastamento do envolvimento na CPLP, Murargy rejeitou essa possibilidade, explicando que deve acontecer exatamente o contrário.

"A situação conjuntural que os nossos países atravessam não diminui em nada a importância que a CPLP representa para os nossos países, eles sempre reafirmam o interesse pela organização, que é uma organização de valores e de afetos, e todos estão empenhados", disse o responsável.

"A CPLP pode ajudar conjugando e discutindo as situações, sobre como podemos sair do marasmo em que nos encontramos, com a amizade e a fraternidade que nos caracteriza", concluiu.

Nas próximas semanas Díli acolherá uma maratona de reuniões setoriais que deveriam assinalar o fim da presidência timorense da CPLP.

ASP (MBA) // MP

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