Díli,
11 mai (Lusa) - A reunião de hoje do Conselho Superior de Defesa e Segurança
(CSDS) timorense terminou sem uma solução para o complexo processo de transição
na liderança nas forças de defesa, que se arrasta há vários meses.
Fontes
do Governo e da Presidência, ouvidas pela Lusa, confirmaram que a reunião, que
durou cerca de duas horas, terminou também sem conclusões sobre o Conceito
Estratégico de Defesa e Segurança Nacional (CEDSN), que está a ser debatido há
vários meses e regressou ao executivo.
Oficialmente,
nem a Presidência da República nem o Governo comentam o conteúdo do encontro de
hoje, em que o tema dominante era a liderança das forças de Defesa (F-FDTL),
processo adiado sucessivamente desde outubro do ano passado e que tem causado
descontentamento entre veteranos e divergências entre o Governo e a Presidência
da República.
Desde
setembro do ano passado, quando terminaram os mandatos dos atuais comandantes
das F-FDTL, o Presidente da República, Taur Matan Ruak, já anunciou duas
decisões, mas nenhuma foi aplicada.
Ambas
as decisões se tornaram polémicas, a primeira porque o Governo alegou que
ignorava as suas propostas e a segunda pelo descontentamento que provocou no
comando das F-FDTL e entre os veteranos da luta contra a ocupação indonésia.
Um
dos jornais timorenses, o Independente, indicava na sua manchete de hoje que a
decisão final poderá ser a manutenção da atual liderança, a proposta inicial do
Governo e que sempre foi rejeitada pelo Presidente da República.
A
primeira decisão de Taur Matan Ruak, a 09 de fevereiro, foi exonerar Lere Anan
Timur, promovendo como seu sucessor o brigadeiro-general Filomeno da Paixão de
Jesus, até então número dois.
A
decisão acabou por não ser concretizada porque ia contra a proposta do Governo
- que defendia a extensão do mandato de ambos - causando tensão entre a
Presidência, o executivo e o parlamento. O Governo apresentou mesmo recursos
(rejeitados) para o Tribunal de Recurso.
Em
março, Taur Matan Ruak recebeu do Governo uma nova proposta, a de nomear o
capitão-de-mar-e-guerra Donaciano Gomes (Pedro Klamar Fuik) como Chefe do
Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) e o coronel Calisto dos Santos
(Coliati) como vice-CEMGFA.
Uma
decisão conjunta do Governo e da Presidência que marcava uma "transição
geracional" completa nas F-FDTL, apesar de Taur Matan Ruak reiterar que
preferia "uma transição mais gradual".
Desde
esses comunicados, datados de 15 de março, nem o Governo nem a Presidência
avançaram com qualquer outro dado sobre a aplicação da decisão.
A
Presidência diz que está nas mãos do Governo marcar a tomada de posse e que só
quando estiver marcada será publicado no Jornal da República o texto a
oficializar a decisão.
A
decisão porém contínua sem ser aceite em vários setores, nomeadamente entre os
veteranos e o próprio comando atual das F-FDTL.
ASP
// VM - Foto: EPA@ António Dasiparu
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