quinta-feira, 12 de maio de 2016

Conselho Superior de Defesa timorense ainda sem solução para liderança militar


Díli, 11 mai (Lusa) - A reunião de hoje do Conselho Superior de Defesa e Segurança (CSDS) timorense terminou sem uma solução para o complexo processo de transição na liderança nas forças de defesa, que se arrasta há vários meses.

Fontes do Governo e da Presidência, ouvidas pela Lusa, confirmaram que a reunião, que durou cerca de duas horas, terminou também sem conclusões sobre o Conceito Estratégico de Defesa e Segurança Nacional (CEDSN), que está a ser debatido há vários meses e regressou ao executivo.

Oficialmente, nem a Presidência da República nem o Governo comentam o conteúdo do encontro de hoje, em que o tema dominante era a liderança das forças de Defesa (F-FDTL), processo adiado sucessivamente desde outubro do ano passado e que tem causado descontentamento entre veteranos e divergências entre o Governo e a Presidência da República.

Desde setembro do ano passado, quando terminaram os mandatos dos atuais comandantes das F-FDTL, o Presidente da República, Taur Matan Ruak, já anunciou duas decisões, mas nenhuma foi aplicada.

Ambas as decisões se tornaram polémicas, a primeira porque o Governo alegou que ignorava as suas propostas e a segunda pelo descontentamento que provocou no comando das F-FDTL e entre os veteranos da luta contra a ocupação indonésia.

Um dos jornais timorenses, o Independente, indicava na sua manchete de hoje que a decisão final poderá ser a manutenção da atual liderança, a proposta inicial do Governo e que sempre foi rejeitada pelo Presidente da República.

A primeira decisão de Taur Matan Ruak, a 09 de fevereiro, foi exonerar Lere Anan Timur, promovendo como seu sucessor o brigadeiro-general Filomeno da Paixão de Jesus, até então número dois.

A decisão acabou por não ser concretizada porque ia contra a proposta do Governo - que defendia a extensão do mandato de ambos - causando tensão entre a Presidência, o executivo e o parlamento. O Governo apresentou mesmo recursos (rejeitados) para o Tribunal de Recurso.

Em março, Taur Matan Ruak recebeu do Governo uma nova proposta, a de nomear o capitão-de-mar-e-guerra Donaciano Gomes (Pedro Klamar Fuik) como Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) e o coronel Calisto dos Santos (Coliati) como vice-CEMGFA.

Uma decisão conjunta do Governo e da Presidência que marcava uma "transição geracional" completa nas F-FDTL, apesar de Taur Matan Ruak reiterar que preferia "uma transição mais gradual".

Desde esses comunicados, datados de 15 de março, nem o Governo nem a Presidência avançaram com qualquer outro dado sobre a aplicação da decisão.

A Presidência diz que está nas mãos do Governo marcar a tomada de posse e que só quando estiver marcada será publicado no Jornal da República o texto a oficializar a decisão.

A decisão porém contínua sem ser aceite em vários setores, nomeadamente entre os veteranos e o próprio comando atual das F-FDTL.

ASP // VM - Foto: EPA@ António Dasiparu

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