Díli,
11 mai (Lusa) - Uma organização não-governamental (ONG) timorense escreveu à
petrolífera Timor Gap, mostrando-se preocupada com os riscos ambientais
"significativos" da construção da refinaria de Betano, inserida no
projeto de Tasi Mane, no sul de Timor-Leste.
Na
carta aberta remetida na quarta-feira, a La'o Hamutuk destaca o que diz serem
"deficiências significativas" no processo de análise para a
construção da refinaria, que "minimiza ou ignora os riscos ambientais mais
significativos".
A
ONG apela à petrolífera timorense para que "reconheça e planeie seriamente
para os riscos reais do projeto da refinaria" com consultas
"precisas, sinceras e precedidas de informações concretas.
Preocupações
ambientais que se somam a outras preocupações, económicas e financeiras, que a
La'o Hamutuk já tinha manifestado no passado relativamente a todo o projeto de
Tasi Mane.
O
projeto de Tasi Mane - que envolve o desenho e construção da Base de Apoio de
Suai - é considerado pelo Governo essencial para as atividades de exploração
petrolífera no Mar de Timor.
Está
atualmente paralisado devido à decisão da Câmara de Contas não conceder o visto
prévio ao projeto no que seria o maior contrato do país, de 720 milhões de
dólares, assinado com a sul-coreana Hyundai Engineering & Construction.
Um
recurso do Governo para o Tribunal de Recurso, apresentado a 11 de novembro,
ainda não começou sequer a ser analisado pela mais alta instância judicial por
falta de juízes.
O
projeto em si inclui a construção de uma refinaria de petróleo em Betano para
processar condensado importado e produzir combustível e outros derivados de
petróleo, 80% dos quais serão exportados.
"A
La'o Hamutuk tem dúvidas sobre a sabedoria, viabilidade e racionalidade
económica deste projeto", insiste a organização.
Na
carta endereçada ao presidente da Timor Gap, Francisco da Costa Monteiro, a ONG
mostra-se "desapontada" que os processos de licenciamento de
avaliação do impacto ambiental "não estão a ser levados a sério".
Depois
de participar numa consulta pública sobre o assunto, em final de março, a organização
considerada que "pouca atenção tem sido dada para os graves perigos
inerentes a um projeto tão grande e complexo como este, que envolve grandes
quantidades de inúmeros materiais altamente tóxicos e explosivos".
"Para
outros grandes projetos, incluindo o Ministério das Finanças e o aeroporto de
Oecusse, Timor-Leste aprendeu recentemente que ignorar a avaliação ambiental,
incluindo a consulta pública, pode levar a grandes problemas. Este projeto não
deve repetir esses erros", considera.
A
carta alega ter havido pouca informação pública, as consultas não terem sido
realizadas adequadamente com os Termos de Referência (TOR) para estes estudos
ambientais a não estarem "completos, lógico, precisos ou claro".
Além
disto a organização volta a questionar a viabilidade económica do projeto, que
foi avaliada em 2011 com os preços do crude a 117 dólares por barril, muito
acima dos atuais 36, com grandes alterações na economia global do petróleo.
"A
refinaria de Betano tem um design ineficiente, tamanho pequeno, depende de
matérias-primas importadas, e será operada e comercializada por pessoas sem
historial e com experiência limitada. A maioria dos seus produtos serão
exportados, competindo contra centenas de refinarias maiores, bem estabelecidos
na região", argumenta.
"Uma
análise económica do projeto da refinaria deve considerar os impostos que a
refinaria vai pagar e substituir, o número de postos de trabalho, subcontratos
e negócios spin-off, bem como as qualificações, experiência e infraestrutura
necessária", afirma.
ASP
// PJA
2 comentários:
Quem é a ONG em Causa? Seria interessante saber
Não deve ter reparado: ONG é LA'O HAMUTUK
Parcial do texto: "Na carta aberta remetida na quarta-feira, a La'o Hamutuk destaca o que diz serem "deficiências significativas" no processo de análise para a construção da refinaria, que "minimiza ou ignora os riscos ambientais mais significativos"."
Obrigado pela intervenção.
BG / TA
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