Sydney,
Austrália, 18 ago (Lusa) -- A organização de defesa dos direitos humanos Human
Rights Watch (HRW) disse hoje ter dúvidas sobre o anúncio da Austrália do
encerramento do centro para imigrantes que mantém na ilha papuana de Manus.
A
Austrália e a Papua Nova Guiné anunciaram na terça-feira o encerramento das
instalações para o processamento de imigrantes indocumentados no território papuano
aberto por Camberra em 2012.
Não
obstante, os dois países não apresentaram uma data para o encerramento das
atividades do centro, nem explicaram o que vai acontecer às 800 pessoas
atualmente detidas no local.
O
ministro da Imigração da Austrália, Peter Dutton, disse que os requerentes de
asilo não serão, em nenhuma situação, "realojados em território
australiano", num comunicado divulgado após reunir-se em Port Moresby com
o primeiro-ministro da Papua Nova Guiné, Peter O'Neill.
"Infelizmente,
a falta de substância do anúncio faz com que pareça um truque político barato
para evitar tomar responsabilidades pelo centro de detenção", disse a HRW
em comunicado.
Em
abril, o Tribunal Supremo da Papua Nova Guiné ordenou o encerramento dos
centros de detenção por considerar que viola as liberdades pessoais dos
requerentes de asilo no quadro da Constituição do país.
A
Austrália reativou em 2012 a sua política para a tramitação em países terceiros
dos pedidos de imigrantes que viajam para o país em busca de asilo e acordou a
abertura de centros de detenção na Papua Nova Guiné e Nauru.
Muitos
dos imigrantes que as autoridades australianas intercetam fugiram de conflitos
como os de Afeganistão, Darfur, Paquistão, Somália e Síria e outros escaparam
da discriminação ou da condição de apátridas, como as minorias rohinya, da
Birmânia, ou bidun, da região do Golfo.
Mais
de cem antigos trabalhadores nos centros de imigrantes que a Austrália mantém
em Nauru e Papua Nova Guiné pediu hoje ao governo de Camberra asilo em
território australiano para os detidos naqueles estabelecimentos, informou na quarta-feira
a imprensa local.
Os
manifestantes também assinaram uma carta na qual pedem a abertura de uma
investigação parlamentar sobre os incidentes de abusos sexuais e maus tratos
contra os imigrantes no centro de Nauru, publicados na semana passada pelo
diário The Guardian.
O
jornal referiu mais de 2.000 relatórios sobre incidentes, escritos entre 2013 e
2015 por trabalhadores do centro, revelam abusos e traumas em crianças e
mulheres no recinto que a Austrália estabeleceu junto à vizinha república de Nauru.
Os
documentos relatam todo o tipo de abusos, incluindo violações de mulheres e
crianças e autoagressões.
Tanto
as autoridades australianas como as de Nauru rejeitaram as acusações e disseram
que os relatórios eram "falsos" e "fabricados".
FV
(DM) // FV.
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