Díli,
08 nov (Lusa) - A adesão de Timor-Leste à Organização Mundial de Comércio (OMC)
poderá ser mais rápida do que o normal, facilitada pelos preparativos para
entrar na Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), disse à Lusa uma
responsável do organismo.
"A
ASEAN está construída, basicamente, sobre a OMC, o que significa que os
preparativos de Timor-Leste para aderir à ASEAN implicam que o cumprimento dos
critérios para adesão à OMC já está mais avançado", disse Maika Oshikawa,
da divisão de adesão da organização.
"Isso
facilita as coisas. Não quero dar um calendário firme, mas penso que será mais
rápido do que normalmente. E vejo um empenho muito grande do Governo em
concluir este processo rapidamente", explicou Oshikawa, responsável de uma
delegação da organização que está em visita de trabalho a Timor-Leste.
A
Equipa Técnica de Adesão da OMC está em Timor-Leste para encontros com vários
responsáveis timorenses para preparar o processo de adesão de Timor-Leste como
observador da organização sediada em Genebra, na Suíça.
Em
declarações à Lusa, Maika Oshikawa mostrou-se convencida de que Timor-Leste
deverá, com a Somália, obter em dezembro, na reunião da OMC, o estatuto de
observador, estando já a começar o processo de adesão como membro de pleno direito.
"Nos
últimos 20 anos juntaram-se à OMC 36 países que, em média, demoraram 10 anos a
aderir. No entanto, depois de trabalhar aqui com a equipa timorense nos últimos
dias vejo que muito trabalho foi feito porque Timor-Leste também está no
processo de adesão à ASEAN", sublinhou.
Questionada
sobre as fraquezas que o país enfrenta neste processo, Oshikawa disse que se
deve olhar para tudo com uma perspetiva positiva, destacando que a adesão
"faz parte do processo de construção da nação, das estratégias, neste
caso, de diversificação da economia".
"Como
uma nova nação é preciso começar tudo do zero. Isso acaba por tornar as coisas
mais fáceis do que ter de mudar o sistema", disse.
Apesar
disso, Oshikawa reconhece as dificuldades que Timor-Leste enfrenta,
nomeadamente no que toca à "capacidade de implementação, que talvez seja
mais lenta".
A
OMC tem atualmente 19 países em processo de adesão, sendo que seis são países
em desenvolvimento, como Timor-Leste. Em dezembro deverão passar a ser oito
(Timor-Leste e a Somália).
Vários
responsáveis timorenses estiveram já reunidos com a delegação da OMC, incluindo
o ministro do Planeamento e Investimentos Estratégico, Xanana Gusmão, o
ministro de Estado, Coordenador dos Assuntos Económicos e ministro da
Agricultura e Pescas, Estanislau da Silva, e o ministro do Comércio, Indústria
e Ambiente, Constâncio Pinto, entre outros.
"A
adesão à OMC está em linha com os planos do Governo de fortalecer e crescer a
economia através de investimentos estratégicos em setores potenciais. A adesão
à OMC é também outro passo importante para consolidar a nossa soberania",
sublinhou Xanana Gusmão.
Estanislau
da Silva disse à lusa que há "um apoio muito grande" à adesão
timorense e que até Singapura "ofereceu apoio direto", argumentando
que "isso vai até tornar mais célere a adesão à ASEAN".
O
ministro considerou que Timor-Leste "ganha um acesso mais regulado ao
mercado internacional e com todas as proteções existentes" o que permite
ao país beneficiar das proteções internacionais.
ASP
// MP
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