Díli,
08 nov (Lusa) - A atividade económica em Timor-Leste está a expandir-se a um
ritmo "satisfatório", que se deverá manter em 2017, mas as
perspetivas a médio prazo dependem da capacidade de diversificação além do
setor petrolífero, segundo o FMI.
"Os
riscos a médio prazo também residem em saber se a antecipação do investimento
público gerará retornos sociais e económicos suficientes, o que ajudaria a
alcançar um crescimento inclusivo", sublinha o Fundo Monetário
Internacional (FMI), num comunicado divulgado hoje.
Uma
equipa do FMI, liderada por Yu Ching Wong, esteve em Timor-Leste entre 24 e 28
de outubro para "avaliar os recentes desenvolvimentos" e analisar as
políticas governamentais, explica a instituição.
Os
elementos do FMI reuniram-se, entre outros, com a ministra das Finanças,
Santina Cardoso, e com as vice-governadoras do Banco Central de Timor-Leste,
Nur-Aini Djafar Alkatiri e Sara Lobo Brites, além de com outros altos
funcionários, mantendo ainda encontros com representantes do setor privado e da
sociedade civil e com os parceiros de desenvolvimento.
Segundo
Wong, "o investimento público deve ser melhor priorizado, concentrando-se
em projetos com retornos mais elevados, determinados pela avaliação rigorosa do
investimento", uma estratégia que "permitiria garantir mais eficácia
aos gastos do Fundo Petrolífero".
O
FMI diz que o Produto Interno Bruto (PIB) real não-petrolífero deverá crescer
5% este ano, suportado pelos gastos do Governo, e os preços devem descer 0,6%,
com o saldo exterior a passar de excedente a um défice de 9,9% do PIB,
"devido em grande parte ao forte aumento das importações relacionadas com
o aumento dos investimentos públicos".
O
défice orçamental este ano será de 13,9% do PIB, com o aumento das despesas a
ser financiado por levantamentos adicionais do Fundo Petrolífero (FP).
"A
perspetiva de curto prazo permanece geralmente favorável com uma recuperação
contínua do crescimento não-petrolífero acompanhada de baixa inflação. As
perspetivas a médio prazo dependem da diversificação económica, já que os
campos petrolíferos em operação deverão estar esgotados em torno a 2020",
sublinha o comunicado.
O
saldo do FP deverá continuar a baixar, pressionado pela baixa produção
petrolífera e pelos levantamentos acima do rendimento sustentado estimado, bem
como pela exposição dos retornos de investimento "à volatilidade dos
mercados financeiros globais".
Wong
reitera no comunicado o conselho de "medidas audaciosas de consolidação
orçamental para garantir a sustentabilidade orçamental e da dívida a longo
prazo".
A
responsável da equipa do FMI defende consultas mais estreitas com os parceiros
de desenvolvimento e a adoção de "critérios claros" para "ajudar
a identificar projetos de benefício adicional da transferência de conhecimento
da parceria com credores multilaterais e bilaterais". Saúda ainda o
progresso nas reformas aduaneiras e fiscais "para mobilizar as receitas
internas" e mostra-se disponível para apoiar os esforços do Governo para
introdução do IVA.
O
sistema bancário, diz a equipa técnica, "permanece sólido", com o
crédito do setor privado "a continuar a ficar atrás do rápido crescimento
dos depósitos", pelo que "aumentaram os depósitos em excesso
colocados no exterior pelos bancos".
O
crédito malparado caiu para 15% em setembro de 2016 (era de 23% um ano antes),
em grande parte devido "à resolução de legado mau empréstimos".
ASP
// MP
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