quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Presidente do Parlamento timorense defende reforço da transparência orçamental


Díli, 09 out (Lusa) - O presidente do Parlamento Nacional timorense defendeu hoje que os órgãos de soberania timorense têm a obrigação de garantir maior escrutínio político a todos os níveis, incluindo nas contas públicas, e assegurar que as decisões são compreendidas pela cidadania.

"É nossa obrigação assegurar que a informação sobre o Orçamento Geral do Estado e as contas públicas para o próximo ano, são explicadas com o maior detalhe e sem quaisquer reservas, e, de um modo geral, que sejam compreensíveis ao mais largo espectro de cidadãos, de modo a estimular a participação da sociedade civil e dos cidadãos em geral", afirmou Adérito Hugo da Costa.

"Temos duas eleições, as presidenciais e as legislativas (em 2017), e por isso, é nossa obrigação garantir o maior escrutínio político a todos os níveis (incluindo) através do escrutínio das contas públicas", sublinhou.

Adérito Hugo da Costa falava na abertura em Díli de um seminário sobre o panorama orçamental para 2017 que reúne deputados, governantes e representantes de instituições e da sociedade civil para analisar as contas públicas timorenses para o próximo ano.

O presidente parlamentar explicou que o seminário se insere na "política de abertura e transparência" para que o Parlamento Nacional seja "uma verdadeira casa dos timorenses" onde o trabalho é feito "para os timorenses e com os timorenses".

Considerando que a informação parlamentar "pertence ao público", Adérito da Costa defendeu mais ações das autoridades para consolidar canais de informação para os cidadãos, permitindo um maior escrutínio e a participação ativa da sociedade civil e dos cidadãos.

"A informação parlamentar deve ser explicada e transmitida ao público de um modo que possa ser compreendida e largamente acessível a todos os cidadãos sem qualquer tipo de discriminação", sublinhou.

Os cidadãos devem ter acesso a informação "completa, exata e atual" e, no caso das contas públicas, devem poder debater "todas as principais opções políticas e respetivas implicações financeiras" do Estado.

Esse esforço deve ser feito também pelo Governo ao nível de plataformas como o portal da transparência das contas públicas ou outros mecanismos para ajudar a explicar a informação, destacou.

"São exercícios destes que fazem melhorar a nossa democracia. A democracia não é de construção imediata, mas sim de edificação demorada e paciente. Tem que ser exercida, praticada e repetida continuamente", afirmou.

Organizado pela Comissão de Finanças Públicas do Parlamento Nacional de Timor-Leste, com o apoio do programa Pro PALOP-TL ISC, financiado pela União Europeia (UE), o encontro de hoje e quarta-feira pretende ser um espaço de "reflexão" e debate alargado. Insere-se no processo de debate do Orçamento do Estado que o Parlamento Nacional tem em curso, antes da aprovação final, prevista para 10 de dezembro.

Participam no encontro, além do presidente e deputados do Parlamento Nacional, a ministra das Finanças, o ministro do Planeamento e Investimento Estratégico, a adjunta do Serviço do Ordenador Nacional, o presidente do Tribunal de Recurso, o governador do Banco Central de Timor-Leste, as organizações não-governamentais La'o' Hamutuk e Rede Feto e representantes em Timor-Leste da União Europeia, PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), UN Women e Banco Mundial.

O projeto Pro PALOP-TL ISC, com um financiamento europeu de 6,5 milhões de euros (a maior fatia administrada pelo PNUD) visa "o reforço das capacidades das instituições superiores de controlo, parlamentos e sociedade civil" no "controlo externo, fiscalização parlamentar e escrutínio público das despesas e contas públicas" em todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e em Timor-Leste.

A proposta de Orçamento do Estado de Timor-Leste para 2017 prevê gastos de 1,39 mil milhões de dólares, os mais baixos desde 2010, e receitas de 1,41 mil milhões.

ASP// APN

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