Jacarta,
16 nov (Lusa) -- A polícia indonésia declarou hoje que o governador de Jacarta,
que pertence à minoria cristã num país maioritariamente muçulmano, é suspeito
numa investigação de blasfémia.
Em
causa está um vídeo em que o governador faz uma piada, perante uma audiência,
sobre uma passagem do Corão que pode ser interpretada de modo a proibir
muçulmanos de aceitarem não-muçulmanos como líderes. Basuki Tjahaja Purnama,
conhecido como Ahok, já pediu desculpa pelo comentário.
No
início do mês, a capital indonésia foi palco de um grande protesto organizado
por muçulmanos conservadores contra o governador. Uma pessoa morreu e dezenas
ficaram feridas. Os conservadores prometeram mais protestos se Ahok não fosse
detido.
A
polícia anunciou numa conferência de imprensa que o governador não pode deixar
o país enquanto decorre a investigação.
No
entanto, informou que Ahok não foi detido porque os investigadores e
especialistas religiosos estão muito divididos sobre se os comentários em
questão podem ser considerados blasfémia.
"Após
longas discussões, chegámos à decisão que o caso vai ser julgado em
tribunal", disse o chefe da polícia nacional Ari Dono.
A
acusação de blasfémia contra Ahok, um cristão de etnia chinesa que é aliado do
Presidente Joko Widodo, galvanizou os opositores políticos de Widodo, num país
com 250 milhões de pessoas e em que 90% são muçulmanas.
A
Frente de Defensores Islâmicos, um grupo que quer impor a lei islâmica
(sharia), começou a exigir a detenção de Ahok depois da circulação do vídeo
online.
A
blasfémia é crime na Indonésia e, segundo a Amnistia Internacional, 106
condenações foram documentadas entre 2004 e 2014, com algumas pessoas a receber
penas até cinco anos.
ISG//
MP
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