quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Polícia indonésia declara governador de Jacarta suspeito em caso de blasfémia


Jacarta, 16 nov (Lusa) -- A polícia indonésia declarou hoje que o governador de Jacarta, que pertence à minoria cristã num país maioritariamente muçulmano, é suspeito numa investigação de blasfémia.

Em causa está um vídeo em que o governador faz uma piada, perante uma audiência, sobre uma passagem do Corão que pode ser interpretada de modo a proibir muçulmanos de aceitarem não-muçulmanos como líderes. Basuki Tjahaja Purnama, conhecido como Ahok, já pediu desculpa pelo comentário.

No início do mês, a capital indonésia foi palco de um grande protesto organizado por muçulmanos conservadores contra o governador. Uma pessoa morreu e dezenas ficaram feridas. Os conservadores prometeram mais protestos se Ahok não fosse detido.

A polícia anunciou numa conferência de imprensa que o governador não pode deixar o país enquanto decorre a investigação.

No entanto, informou que Ahok não foi detido porque os investigadores e especialistas religiosos estão muito divididos sobre se os comentários em questão podem ser considerados blasfémia.

"Após longas discussões, chegámos à decisão que o caso vai ser julgado em tribunal", disse o chefe da polícia nacional Ari Dono.

A acusação de blasfémia contra Ahok, um cristão de etnia chinesa que é aliado do Presidente Joko Widodo, galvanizou os opositores políticos de Widodo, num país com 250 milhões de pessoas e em que 90% são muçulmanas.

A Frente de Defensores Islâmicos, um grupo que quer impor a lei islâmica (sharia), começou a exigir a detenção de Ahok depois da circulação do vídeo online.

A blasfémia é crime na Indonésia e, segundo a Amnistia Internacional, 106 condenações foram documentadas entre 2004 e 2014, com algumas pessoas a receber penas até cinco anos.

ISG// MP

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