Díli,
02 fev (Lusa) - O Presidente da República timorense, Taur Matan Ruak,
despediu-se hoje das forças de defesa destacando o "privilégio" de
ter sido soldado e agradecendo o trabalho dos que lutaram pela independência e
pela construção das instituições de Timor-Leste.
"Hoje
é a minha vez de dizer obrigado. Foi para mim uma enorme honra e privilégio ter
sido o vosso Comandante Supremo", disse na cerimónia do 16º aniversário
das Falintil-Forças Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), no seu último discurso
enquanto chefe de Estado e comandante supremo das forças timorenses.
Taur
Matan Ruak, que termina o seu mandato a 20 de maio e não se recandidatará,
recordou os que morreram em defesa de Timor-Leste, afirmando que os
"valores por que se motivaram, empenharam e combateram diferentes gerações
de combatentes, são no essencial os mesmos".
Princípios
consagrados no Estandarte Nacional das F-FDTL, simbolicamente condecorado por
Taur Matan Ruak por ser o "fiel depositário de um legado de altos serviços
prestados (...) à causa da libertação nacional".
"A
condecoração (...) premeia a coragem e a determinação dos guerrilheiros da
Libertação Nacional que combateram e tombaram na luta e significa uma honra
para vós e para as Forças Armadas", disse.
"É,
assim, de inteira justiça o público reconhecimento que presto nesta cerimónia,
ao conceder ao Estandarte Nacional das F-FDTL a Ordem das FALINTIL e ao impor o
respetivo distintivo no Estandarte Nacional à vossa guarda", explicou.
O
chefe de Estado vincou no seu discurso o orgulho de ter servido e liderado no
que começou como uma força de resistência e se transformou numa instituição
garante da soberania nacional.
"Volto
a esta casa, não para uma despedida, mas para uma palavra de gratidão e
fidelidade. Quero que saibam que, como cidadão, a minha gratidão será eterna
por tido o maior privilégio da minha vida: ter sido um soldado de
Timor-Leste", disse.
Taur
Matan Ruak recordou os últimos momentos antes da criação formal das F-FDTL, em
2001, quando estava com os soldados sob seu comando - então ainda o braço
armado da resistência timorense - concentrado em Aileu "depois de uma
longa e árdua luta armada na resistência à ocupação estrangeira e aguardando
ansiosamente pelo tão desejado objetivo de uma luta de um quarto de século - a
independência de Timor-Leste".
"Sabia
que o caminho da transformação das forças de guerrilha em forças armadas, as
FDTL, seria longo e que iria exigir o esforço e a solidariedade de todos
nós", disse, para o qual foi necessário o apoio internacional e a
construção das instituições timorenses.
O
chefe de Estado insistiu na necessidade de manter o carater "eminentemente
nacional e suprapartidário" da associação constitucional entre o
Presidente da República e as Forças Armadas, "objetivo que, em
permanência, deve merecer um amplo consenso e uma atenção prioritária de todos
os agentes políticos e órgãos de soberania".
Além
disso recordou em particular o último ano, de alguma tensão em torno à
liderança das F-FDTL mas em que os militares "fizeram questão que os
princípios de transparência e ética fossem respeitados pelos nossos políticos,
contribuindo para o reforço de um clima de coesão, de estabilidade e de
segurança".
"Souberam
aguardar serenamente pela decisão política demonstrando um alto
profissionalismo, uma elevada prova de maturidade democrática e um respeito
institucional e de sentido de serviço a Timor-Leste", frisou.
Taur
Matan Ruak deixou em particular uma "sincera homenagem" ao atual
comandante das F-FDTL, o major general Lere Anan Timur (que sucedeu ao próprio
Taur Matan Ruak na chefia das forças de defesa), "cujo exemplo deve
constituir fonte de inspiração para as gerações futuras" e ao seu número
dois, o brigadeiro Filomeno Paixão.
ASP
// FV.
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