Díli,
13 mar (Lusa) - Timor-Leste inaugurou praticamente uma escola nova por semana
nos últimos 15 anos, aumentou o número de alunos em 64% e registou melhorias no
rácio professor-aluno, apesar de o sistema continuar com deficiências, segundo
o Ministério da Educação.
"Desde
a restauração da independência que se têm feito grandes esforços na melhoria do
sistema educativo, tendo-se conseguido progressos consideráveis, especialmente
no acesso à educação, na construção e reabilitação de escolas, no
desenvolvimento curricular e na reconversão de professores", segundo um
documento de análise do Ministério da Educação, a que a agência Lusa teve
acesso.
Os
dados fazem parte de um documento elaborado para a preparação do 3.º Congresso
Nacional da Educação, que decorre entre 03 e 05 de maio em Díli e onde será
feito um ponto da situação do setor educativo e se tentarão definir políticas
consensuais para o futuro.
Segundo
este documento, em 2016, Timor-Leste tinha 1.715 escolas do ensino pré-escolar,
básico e secundário, mais 772 (mais 82%) do que as 943 do ano letivo de 2001.
O
número de alunos aumentou em quase 153 mil - de 238,6 mil para 391,6 mil -, o
que equivale a um crescimento de 64% no mesmo período.
O
número de professores, por seu lado, mais do que duplicou, crescendo 113%, de
6.541 para 13.948, o que levou a uma redução do rácio aluno-professor: em 2001
havia 36 alunos por cada professor e no ano passado eram 28 alunos por cada
docente, num país onde mais de metade da população tem menos de 18 anos.
Em
termos de níveis de escolaridade, o número de escolas e alunos na educação
pré-escolar mais do que quintuplicou em 15 anos, passando de 52 escolas em 2001
para 326 em 2016 (um crescimento de 527%) e de 2.904 alunos para 18.336 (mais
531%). O número de professores cresceu 314%, passando de 149 para 617, sendo
hoje a taxa bruta de matrícula 17%.
No
ensino básico, o Governo regista um "extraordinário aumento nos índices de
acesso", com 89% das crianças com idade escolar matriculadas. Mas
reconhece que o aumento no acesso "não se traduziu, na mesma medida, em
melhorias na qualidade de ensino", com os "reduzidos índices de
aprendizagem dos estudantes timorenses a constituírem um importante desafio,
nomeadamente nos primeiros anos do ensino básico, onde as taxas de repetição
são particularmente elevadas".
A
taxa de abandono escolar no ensino básico ronda os 2,6% e a taxa de retenção é
de 13%, num universo de 317,3 mil alunos (mais 49% do que há 15 anos), de 1.267
escolas (mais 51%) e mais do dobro de professores, que aumentaram de 5.410 para
11.106 (mais 105%).
A
qualidade das infraestruturas e dos equipamentos escolares é outro desafio, já
que apesar de 311 escolas básicas terem sido reabilitadas e cerca de 100 mil
unidades de mesas e cadeiras terem sido distribuídas, "muitas escolas não
possuem, ainda, salas de aula e instalações adequadas, nomeadamente a nível de
água, eletricidade e saneamento".
No
secundário geral, há mais do dobro de escolas (passaram de 43 para 90), de
alunos (de 20,9 mil para 48 mil, ou mais 130%) e de professores (há 1.778, mais
108% do que os 855 de 2001).
Quanto
ao secundário técnico vocacional, Timor-Leste quase triplicou as escolas, que
passaram de 11 para 32, e mais do que triplicou o número de alunos (aumentaram
246%, de 2.285 para 7.938) e de professores (mais 282%, de 117 para 447).
A
taxa de matrícula é de 62%, a de transição do básico para o secundário é de 78%
e a de retenção no 12.º ano é de 1%.
No
que se refere ao ensino superior, Timor-Leste tem hoje menos instituições
acreditadas do que em 2003 (passaram de 17 para 11), mas o número de alunos
aumentou 346%, de 13.199 para 58.476, apoiados por 2.079 professores.
Entre
2002 e 2015 graduaram-se em Timor-Leste mais de 25.500 jovens (46% mulheres),
num universo em que 19% dos estudantes estão no ensino público e 41% dos
professores têm qualificação igual ou superior a mestrado. A este número
somam-se dezenas de milhares de jovens a estudar fora de Timor-Leste.
ASP
// MP
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