domingo, 16 de julho de 2017

PD junta apoiantes em comício ao lado da ribeira de Tono

Tono, Timor-Leste, 15 jul (Lusa) - Mariano Sabino, presidente do Partido Democrático timorense, é recebido à sombra da grande árvore junto à ribeira de Tono por líderes tradicionais que, em baikeno, a língua da região, lhe fazem o ritual de boas vindas.

À cintura do ex-ministro da Agricultura e Pescas - os últimos dois Governos em Timor-Leste tiveram militantes de vários partidos -, um dos líderes coloca um tais (pano tradicional timorense), depois na cabeça ajeita um lenço tradicional.

O comício do Partido Democrático (PD) em Tono começa assim, com ritos ancestrais ao pé do que é um dos projetos mais recentes de Timor-Leste: uma barragem que trava as águas da ribeira e as leva, por novos canais de irrigação, para os férteis campos do vale.

Algumas centenas de apoiantes acolhem Sabino, um dos líderes da ala juvenil da resistência timorense à ocupação, e um nome que muitos consideram indissociável da transição geracional em Timor-Leste.

Aquando do Congresso do partido, este ano, assumiu o controlo do PD, parceiro de Governo nos últimos dois executivos e que 'venceu' em Oecusse nas presidenciais.

Um êxito que o PD poderá não conseguir repetir nas eleições legislativas de 22 de julho, a avaliar pela dimensão dos comícios e atos de campanha quer da Fretilin (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente) quer do CNRT (Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste), que se apresentam separadamente.

Independentemente do resultado, Mariano Sabino garante que o seu partido continua a apostar num Governo de todos e para todos, em que os líderes dos partidos trabalhem unidos.

"Trabalhar junto é importante. Que todos participem no processo de desenvolvimento. O PD é contra discriminação. Precisamos de dignificar todos os timorenses, da resistência ou não. Todos precisam de juntar as suas forças e trabalhar em conjunto", explicou à Lusa.

Sobre o debate - já antigo em Timor-Leste - da transição geracional, Sabino diz ser importante o papel dos mais velhos, "como pais da nação", mas também "a nova geração dar continuidade".

"Somos um partido continuador. Não é só uma nova geração fisicamente, mas com novos conceitos, para acelerar o desenvolvimento, continuar a unidade nacional, promover a estabilidade e reconciliação", afirmou.

Esse trabalho deve incluir "todas as nações que apoiam Timor-Leste", a começar pela CPLP, porque "a cultura da lusofonia ainda existe em Timor-Leste" e é preciso "reforçar e reafirmar esse trabalho conjunto".

Na entrevista à Lusa, à margem do comício, Sabino recorda que foi a Oecusse que chegaram os primeiros portugueses e por isso, culturalmente, o enclave "representa todos os timorenses", sendo o primeiro porto de Timor-Leste: "por os portugueses chegarem a Oecusse é que existe Timor-Leste".

ASP // FPA

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