Tono,
Timor-Leste, 15 jul (Lusa) - Mariano Sabino, presidente do Partido Democrático
timorense, é recebido à sombra da grande árvore junto à ribeira de Tono por
líderes tradicionais que, em baikeno, a língua da região, lhe fazem o ritual de
boas vindas.
À
cintura do ex-ministro da Agricultura e Pescas - os últimos dois Governos em
Timor-Leste tiveram militantes de vários partidos -, um dos líderes coloca um
tais (pano tradicional timorense), depois na cabeça ajeita um lenço tradicional.
O
comício do Partido Democrático (PD) em Tono começa assim, com ritos ancestrais
ao pé do que é um dos projetos mais recentes de Timor-Leste: uma barragem que
trava as águas da ribeira e as leva, por novos canais de irrigação, para os
férteis campos do vale.
Algumas
centenas de apoiantes acolhem Sabino, um dos líderes da ala juvenil da
resistência timorense à ocupação, e um nome que muitos consideram indissociável
da transição geracional em Timor-Leste.
Aquando
do Congresso do partido, este ano, assumiu o controlo do PD, parceiro de
Governo nos últimos dois executivos e que 'venceu' em Oecusse nas
presidenciais.
Um
êxito que o PD poderá não conseguir repetir nas eleições legislativas de 22 de
julho, a avaliar pela dimensão dos comícios e atos de campanha quer da Fretilin
(Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente) quer do CNRT (Congresso
Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste), que se apresentam separadamente.
Independentemente
do resultado, Mariano Sabino garante que o seu partido continua a apostar num
Governo de todos e para todos, em que os líderes dos partidos trabalhem unidos.
"Trabalhar
junto é importante. Que todos participem no processo de desenvolvimento. O PD é
contra discriminação. Precisamos de dignificar todos os timorenses, da
resistência ou não. Todos precisam de juntar as suas forças e trabalhar em
conjunto", explicou à Lusa.
Sobre
o debate - já antigo em Timor-Leste - da transição geracional, Sabino diz ser
importante o papel dos mais velhos, "como pais da nação", mas também
"a nova geração dar continuidade".
"Somos
um partido continuador. Não é só uma nova geração fisicamente, mas com novos
conceitos, para acelerar o desenvolvimento, continuar a unidade nacional,
promover a estabilidade e reconciliação", afirmou.
Esse
trabalho deve incluir "todas as nações que apoiam Timor-Leste", a
começar pela CPLP, porque "a cultura da lusofonia ainda existe em
Timor-Leste" e é preciso "reforçar e reafirmar esse trabalho
conjunto".
Na
entrevista à Lusa, à margem do comício, Sabino recorda que foi a Oecusse que
chegaram os primeiros portugueses e por isso, culturalmente, o enclave
"representa todos os timorenses", sendo o primeiro porto de
Timor-Leste: "por os portugueses chegarem a Oecusse é que existe
Timor-Leste".
ASP
// FPA
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