António
Sampaio (Texto e vídeo), Nuno Veiga (Fotos)
O
líder histórico timorense Xanana Gusmão mostrou-se hoje convicto que o partido
que lidera, o CNRT, terá maioria absoluta nas eleições legislativas de 22 de
julho, admitindo ter pressão para assumir o cargo de primeiro-ministro no
próximo executivo.
"Depois
de três governos em duas legislaturas, o CNRT desde o congresso - e esta
mensagem foi dada e está a ser recebida - pretende maioria absoluta no
parlamento e um governo de um partido", disse em entrevista à Lusa à
margem de um comício do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) em
Manatuto, 65 quilómetros leste de Díli.
"A
formação do Governo é posterior a uma conferência do partido depois das
eleições. Não posso dizer quem vão ser os membros do Governo. Estão-me a exigir
(que seja primeiro-ministro). Em muitos comícios os que não são do CNRT dizem:
eu vou dar o meu voto ao CNRT mas queremos-te primeiro-ministro", referiu.
Recorde-se
que Xanana Gusmão assumiu, depois das eleições de 2012, o cargo de
primeiro-ministro do V Governo constitucional, demitindo-se do cargo em janeiro
de 2015, ficando como ministro do Planeamento e Investimento Estratégico num
executivo liderado por Rui Maria de Araújo, militante da Fretilin.
Apesar
da idade - Xanana Gusmão cumpriu 71 anos -, o líder timorense participou nos 17
comícios (entre eles o de hoje) já realizados desde o arranque da campanha, que
começou a 19 de junho.
"Percebemos
que a apresentação do programa era fundamental para o partido. Desde o início
compreendemos que o povo assumiu isso, assumiu a questão de separar promessas
de compromissos. É isto que me guiou e me motivou para participar em todos os
comícios", referiu.
O
líder do CNRT refere o que diz ser uma crescente "maturidade e consciência
política" e rejeita a ideia de que pouco tem sido feito no desenvolvimento
do país.
"Estamos
preparados para toda a crítica, mas o povo conseguiu compreender que um
processo de construir a nação e o país não é um processo milagroso, é um
processo que leva tempo. Política é política. Nós respeitamos tudo o que outros
partidos dizem a nosso desfavor, como críticas, mas isto não nos abalou",
afirmou.
E
diz mesmo que, em cada comício - na segunda-feira parte para três dias no
enclave de Oecusse-Ambeno - há muitos, inclusive afiliados a outros partidos
que parecem agora querer apoiar o CNRT.
"Chegam
e dizem: estive estes anos todos a perder os meus votos. Eu voto neste porque
quero o desenvolvimento. É esta dinâmica na consciência política do nosso povo
que está a dar-nos muita confiança. Cada dia, após cada comício sentimos que a
responsabilidade é maior", considerou.
Sobre
o futuro e a relação do CNRT com a Fretilin, Xanana Gusmão diz que os dois
partidos continuam com "excelentes relações, de respeito" e garante
que "não terão êxito" tentativas de outros partidos "de provocar
distúrbios ou problemas entre os dois".
A
campanha para as legislativas de 22 de julho decorre até 19 deste mês.
Lusa
| em O Jogo | Foto retirada e manipulada por TA de vídeo RTTL
Sem comentários:
Enviar um comentário