Díli,
14 ago (Lusa) - O ex-Presidente da República timorense José Ramos Horta
mostrou-se hoje otimista que o próximo Governo, liderado pela Fretilin, poderá
ter elementos "emprestados" de vários partidos, incluindo os líderes
do CNRT e PLP, Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak.
"Precisamos
de um governo forte e estável e nada melhor que ter pessoas como Mari, Taur e
Xanana, cada um numa área estratégica", disse José Ramos-Horta em
declarações à Lusa em Díli.
"Nós
os timorenses conseguimos encontrar soluções para algumas situações
aparentemente complexas e difíceis. Passados alguns dias de ânimos mais
exaltados, de exceções, vem o realismo, o apelo ao país, o sentido de
responsabilidade de cada um", afirmou.
O
líder timorense falava à Lusa depois do Presidente da República, Francisco
Guterres Lu-Olo, se ter hoje reunido com os líderes dos dois partidos mais
votados, Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do
Timor-Leste Independente (Fretilin), e Xanana Gusmão, presidente do Congresso
Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT).
Horta
disse que foi uma iniciativa "louvável" do chefe de Estado e que
todos ficaram "felizes por os três se reunirem", especialmente porque
há "questões institucionais e políticas, independentemente da solução
governativa, que se têm que resolver".
Em
concreto, disse, "a recondução de Xanana Gusmão e restante equipa" à
frente das negociações com a Austrália sobre as fronteiras marítimas e,
consequentemente, sobre o impacto que isso terá no projeto de desenvolvimento
da costa sul, conhecido como Tasi Mane.
Questionado
sobre as opções de governação, Ramos-Horta considerou "improvável"
que o CNRT venha a formar coligação com a Fretilin mas possível que o partido
"empreste" elementos para o Governo ou para instituições públicas, com
um cargo para Xanana Gusmão.
"A
conclusão do processo do Mar de Timor abre grandes perspetivas do
desenvolvimento da costa sul, do projeto de Tasi Mane, que é a grande visão e
determinação de Xanana Gusmão. Sendo assim, é de todo o interesse o envolvimento
pleno de Xanana Gusmão na futura governação", disse.
"Como
membro do executivo, mas com um estatuto que condiz com a personalidade de
Xanana Gusmão, de ser ex-chefe de Estado, ex-primeiro-ministro, fundador do
país e o grande arquiteto do projeto Tasi Mane e outros, para a modernização do
país. Esse cargo poderia ser uma função do género de alta autoridade para o
desenvolvimento da costa sul, subjacente ao gabinete do
primeiro-ministro", defendeu.
No
caso do PLP, Ramos-Horta admite que caso não avance a possibilidade de
coligação, o partido também poderá "emprestar" elementos seus para o
Governo.
"A
preferência de Mari Alkatiri tem sido a participação plena do PLP na governação
do país. Pessoalmente acho que Taur Matan Ruak, uma pessoa credível e rigorosa,
faria um bom duo com Mari Alkatiri, como vice-primeiro-ministro ou como
ministro coordenador para algumas áreas", disse.
Sobre
o seu próprio papel no futuro, Ramos-Horta disse ter já indicado a Mari
Alkatiri que continua disponível para "apoiar em quaisquer modelos ou
condições que em conjunto" acharem ideal.
"Posso
estar incluído na governação, continuar fora, mas sempre a colaborar e a
apoiar", disse.
A
Fretilin deverá reunir-se na quarta-feira com a liderança do PLP e do KHUNTO,
partidos que formalmente convidou para formar uma "plataforma de
governação", podendo ainda reunir-se com a direção do Partido Democrático
(PD), na quinta-feira.
Recorde-se
que a Fretilin elegeu 23 deputados nas legislativas de 22 de julho, mais um que
o CNRT, com o PLP a eleger oito, o PD sete e o Kmanek Haburas Unidade Nacional
Timor Oan (KHUNTO) cinco.
ASP
// EL
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