General
Bipin Rawat diz que o recente conflito de dez semanas com tropas chinesas nos
Himalaias pode conduzir a uma guerra alargada na fronteira norte da Índia, da
qual o Paquistão poderá tirar proveito
O
chefe do Exército da Índia avisou na quarta-feira que o país deve estar preparado
para uma guerra em duas frentes perante os recentes exercícios militares da
China na região dos Himalaias e a falta de perspetivas de reconciliação com o
Paquistão. Citado pela agência Press Trust, durante um seminário organizado
pelo Center for Land Warfare Studies, um think tank com sede em Nova
Deli, o general Bipin Rawat fez referência ao recente conflito com tropas
chinesas na fronteira norte da Índia — sublinhando que, apesar de ter terminado
na semana passada ao final de dois meses e meio, pode vir a dar lugar a um
conflito maior naquela área, dado que o Paquistão pode aproveitar-se da
instabilidade decorrente de potenciais confrontos entre os indianos e os
chineses.
Um
conflito armado envolvendo as três potências nucleares representa mais uma
ameaça naquela região do mundo, numa altura de altas tensões na Península
Coreana por causa dos testes nucleares e de mísseis que o regime norte-coreano
tem estado a conduzir. A concretizar-se, não será a primeira guerra entre a
Índia e os outros dois países: em 1962, os Himalaias estiveram no centro da
guerra sino-indiana por causa da região Arunachal Pradesh, conhecida na China
como Tibete do Sul; com o Paquistão, a Índia já esteve envolvida em três
guerras desde que ganhou independência da Grã-Bretanha em 1947, duas delas pelo
controlo de Caxemira.
Para
Rawat, o facto de os três países terem armas nucleares não serve para impedir
que o norte da Índia volte a estar mergulhado num conflito armado. “As armas
nucleares são armas de dissuasão, sim, mas dizer que podem impedir uma guerra
ou evitar que as nações entrem em guerra pode não ser verdade no nosso
contexto”, declarou o general. “Temos de estar preparados. No nosso contexto, a
possibilidade de uma guerra é real.”
As
declarações surgem uma semana depois de a Índia ter aceitado retirar as suas
tropas do disputado planalto de Doklam, uma zona elevada da cordilheira dos
Himalaias onde as tropas chinesas estão a construir uma estrada. O conflito de
dez semanas foi o mais prolongado das últimas décadas e veio alimentar a
rivalidade estratégica de longa data entre as duas nações vizinhas.
Na
terça-feira, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, encontrou-se com o
Presidente chinês, Xi Jinping, à margem de uma cimeira dos BRICS (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul) em Xiamen, uma cidade costeira no sudeste
da China. No rescaldo da reunião, os dois líderes anunciaram uma nova
estratégia de “olhos postos no futuro” quanto às relações sino-indianas, na
tentativa de enterrar a disputa por Doklam.
Joana
Azevedo Viana | Expresso
Imagem:
Nas comemorações do 70.º aniversário da independência da Índia, a 15 de agosto,
Modi sublinhou que tem direito a defender-se de quem quer que "aja contra
o país" | Foto de Money Sharma
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