Macau, China, 16 jun (Lusa) - Uma
equipa feminina do Instituto Português do Oriente (IPOR) estreou-se hoje nas
corridas "Barcos Dragão", em Macau, como forma de reforçar a
integração na comunidade daquele território administrado pelos chineses,
explicou à Lusa uma das participantes.
"Eu acho que uma equipa
totalmente portuguesa de uma instituição portuguesa poder participar num
campeonato destes, que é uma coisa local da China, de Macau. Traz uma grande
energia e uma grande mensagem para os chineses em geral e para Macau: quer
dizer que nós nos integramos, nós fazemos parte da comunidade", disse a
vogal da direção do IPOR Patrícia Ribeiro.
Para Patrícia Ribeiro, viver este
tipo de competições fortalece os laços entre a comunidade portuguesa e a
chinesa.
"Participar nestas
competições serve exatamente para demonstrar que também fazemos parte deles.
Somos bem recebidos aqui em Macau", considerou a funcionária do instituto,
que tem como uma das principais missões difundir a língua e a cultura
portuguesas no Oriente.
A exemplo dos últimos anos, o
Instituto Português do Oriente voltou a abrir as portas para que a comunidade
possa acompanhar os jogos da seleção portuguesa no Mundial2018 de futebol.
Apesar da dificuldade do fuso
horário (em Macau o fuso é de mais sete horas do que em Lisboa), a grande
maioria das colegas da embarcação assistiu ao embate contra a Espanha, em que
Cristiano Ronaldo marcou os três golos do empate de Portugal com a Espanha
(3-3).
"A nossa inspiração [...], a
nossa musa inspiradora é o Cristiano Ronaldo, porque ele tem uma força e uma
energia que nos transmitiu agora nesta prova", confessou, sorridente,
Patrícia Ribeiro.
O IPOR foi a única equipa
portuguesa a participar neste evento, mas dentro de algumas equipas de Macau há
também portugueses que se juntam à população local.
Foi o caso de Rodrigo de Matos,
residente em Macau há oito anos -- este ano teve "um clique" e
decidiu participar naquela que considera ser "uma grande festa".
"Este ano comecei a
trabalhei no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau (IACM),
que é uma espécie de câmara municipal aqui de Macau, e soube que eles tinham
uma equipa de 'Barcos Dragão' e a precisar de novos atletas para fazer uma
reciclagem, de maneira que vim experimentar e gostei", contou Rodrigo de
Matos, antes do início da sua prova.
"Isto é um evento com uma
certa tradição. Será para este território comparável às corridas de remo, em
Inglaterra, nos célebres duelos entre Oxford e Cambridge. A diferença é que
estas são umas regatas internacionais", explicou o funcionário do IACM.
Durante o dia de hoje e até
domingo realizam-se as regatas locais de pequenas e grandes embarcações para
entidades públicas de Macau, universitárias e dos trabalhadores da função
pública, num total de 140 equipas.
Já as grandes provas
internacionais vão ter lugar na segunda-feira, com a participação de equipas
estrangeiras a competirem na Regata Internacional de Barcos Dragão de Macau
para Grandes Embarcações, na categoria Open e na categoria feminina.
"O número de equipas que
participam são cerca de 160", disse à Lusa a secretária-geral da comissão
organizadora dos "Barcos Dragão".
Inicialmente estas provas eram
planeadas de forma voluntária por organizações não-governamentais, mas desde
1979 esta atividade passou a ser promovida de forma anual, incluindo uma regata
internacional de barcos dragão, em que equipas de diferentes países têm sido
convidadas a participar.
Desde o estabelecimento da Região
Administrativa Especial de Macau que a Regata Internacional de Barcos Dragão de
Macau é organizada em conjunto pelo Instituto do Desporto e pela Associação de
Barcos Dragão de Macau, China.
A festividade tem origem numa
lenda sobre um alto e leal funcionário do reino de Chu, de nome Qu Yuan, que se
terá lançado ao rio pondo termo à sua vida, após ter visto o rei recusar as
suas propostas por causa de intrigas.
Caindo em desgraça perante o
soberano, Qu Yuan partiu para o exílio, altura em que compôs vários poemas a
expressar a sua revolta por não poder continuar a servir o seu país, e mais
tarde decidiu suicidar-se.
Dada a estima que nutriam pelo
patriótico e justo "poeta", os habitantes locais remaram nos seus
barcos de madeira para a zona, fazendo com que os barcos dragão simbolizem a
busca pelo salvamento de Qu Yuan.
MIM // ROC
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