A Fretilin, na oposição em
Timor-Leste, saudou hoje o esforço do primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, em
manter o diálogo com o Presidente da República no intuito de resolver o impasse
sobre a tomada de posse de parte do executivo.
"Devemos felicitar o
primeiro-ministro por se comportar com maturidade e sensibilidade em relação a
essa questão tão importante", referiu Francisco Branco, chefe da bancada
da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) no parlamento,
citado em comunicado.
"Fica muito claro que o
primeiro-ministro leva muito a sério o papel que o Presidente da República
desempenha e demonstra a sua disposição de cooperar com o espírito de diálogo e
conciliação", sustentou.
No comunicado, a Fretilin
considerou que a posição do primeiro-ministro contrasta com o que diz ser uma
"campanha de difamação séria e maliciosa, incluindo difamação
criminal" contra o chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo, por parte
de um "grupo radical de militantes do CNRT".
O Congresso Nacional da
Reconstrução Timorense (CNRT), liderado por Xanana Gusmão, é a maior força
política da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) que conseguiu maior
absoluta nas eleições de 12 de maio e que integra ainda o Partido Libertação
Popular (PLP) de Taur Matan Ruak e o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan
(KHUNTO).
Francisco Branco contestou o que
diz ser uma campanha de "total desrespeito pela verdade",
especialmente nas redes sociais.
"Não é mais o debate
político em que todo cidadão tem o direito legal e político de participar de
forma construtiva, mas visa visivelmente manchar a reputação do Presidente da
república", disse.
"Infelizmente, esta campanha
de mentiras também foi acompanhada pelo líder do partido nos últimos
dias", afirmou, questionando a carta que Xanana Gusmão enviou esta semana
ao Presidente da República.
Em causa está o impasse sobre um
grupo de 11 membros do Governo propostos pelo primeiro-ministro a quem o
Presidente não deu posse, nove por alegadamente terem "o seu nome
identificado nas instâncias judiciais competentes" e dois por possuírem
"um perfil ético controverso".
A decisão tem estado a causar
tensão entre a Presidência e o Governo e a AMP, particularmente Xanana Gusmão,
líder da coligação, que já foi nomeado duas vezes e ainda não tomou posse.
Na carta a Lu-Olo, a que a Lusa
teve acesso, Xanana Gusmão, ameaçou hoje desencadear um processo de destituição
do Presidente da República se este mantiver a "rejeição sistemática e não
fundamentada" de membros do Governo propostos pelo primeiro-ministro.
"A rejeição sistemática e
não fundamentada, pelo Presidente da República, dos nomes dos titulares
propostos pelo primeiro-ministro para integrar o Governo" pode ser vista
pelo CNRT como uma "tentativa de usurpação de poderes e, neste sentido,
configurar uma violação clara e grave das suas obrigações
constitucionais".
Numa primeira cedência do
Governo, o primeiro-ministro eliminou da lista de nomeados dois dos nomes
inicialmente propostos - que estão atualmente envolvidos em processos já nos
tribunais: Gastão de Sousa, proposto como ministro do Planejamento e
Investimento Estratégico (MPIE) - cuja responsabilidade será assumida por
Xanana Gusmão - e Marcos da Cruz, vice-ministro da Agricultura e Pescas, que
foi substituído por Rogério Mendonça de Aileu.
A Fretilin refere que o chefe de
Estado tem recebido "importantes mostras de apoio da sociedade civil, de
outros partidos políticos e da Igreja Católica" nesta questão.
Lusa | em SAPO TL
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