Dílli, 09 jul (Lusa) - O
primeiro-ministro timorense disse hoje estar convicto de que o diálogo com o
Presidente vai resolver o impasse político em Timor-Leste, causado pelo atraso
na tomada de posse do novo Governo.
"Estamos convictos de que
com a manutenção e aprofundamento do diálogo já estabelecido entre o chefe de
Estado e o chefe de Governo, acerca das personalidades que devem ser nomeadas
para integrar o Governo, iremos brevemente ultrapassar o atual impasse político
e deverão ficar concluídas a nomeação e posse dos restantes membros do
Governo", disse Taur Matan Ruak, em Díli.
"Estou seguro que dentro do
quadro de normalidade constitucional, de que todos nos orgulhamos, e pautados
pelos princípios do respeito e da lealdade institucionais, o chefe de Estado e
o chefe do Governo continuarão a dialogar na procura de soluções e de
compromissos que viabilizem, tão rapidamente quanto possível, a conclusão da
formação do VIII Governo Constitucional", insistiu.
O primeiro-ministro falava no
Palácio Presidencial durante a tomada de posse de Filomeno Paixão, ex-número
dois das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), como ministro da Defesa do
VIII Governo, e quando faltam ser empossados uma dezena de elementos do
executivo.
A formação do novo Governo tem
estado num impasse, com Lu-Olo a recusar dar posse a 11 dos membros nomeados
pela Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) e pelo primeiro-ministro, Taur
Matan Ruak, nove por alegadamente terem "o seu nome identificado nas
instâncias judiciais competentes" e dois por possuírem "um perfil
ético controverso".
Hoje deviam ter tomado posse
Xanana Gusmão como ministro de Estado, conselheiro do primeiro-ministro e
ministro de Planeamento e Investimento Estratégico, Alfredo Pires como ministro
do Petróleo e Minerais, e Rogério Araújo Mendonça como secretário de Estado das
Pescas.
Contudo, o primeiro-ministro
informou oficialmente de que "por razões políticas" Xanana Gusmão,
Alfredo Pires e Rogério Araújo Mendonça "não tomariam posse hoje",
referiu Lu-Olo. Esta foi a segunda vez que Xanana Gusmão foi nomeado como
ministro, com competências alargadas neste segundo decreto, e não foi empossado.
Matan Ruak recordou que o sistema
semipresidencial "é exigente e obriga a um esforço permanente de todos os
responsáveis políticos" para ajudar a resolver problemas que surjam.
Esse é especialmente o caso
"daqueles que são titulares dos órgãos de soberania e que devem procurar dialogar,
debater e encontrar soluções de compromisso que viabilizem o funcionamento do
Estado e, dessa forma, não obstaculizem ou impeçam o desenvolvimento e a
melhoria das condições de vida" da população, disse.
"A democracia não impõe que
todos tenhamos que partilhar as mesmas ideias, as mesmas opiniões ou a mesma
visão política acerca do futuro do nosso país. Mas o amor que todos, sem
exceção, temos pela nossa pátria e pelo nosso povo, impele-nos à constante
procura de consensos e soluções equilibradas capazes de satisfazer o interesse
público", afirmou.
Sobre a tomada de posse de
Paixão, o primeiro-ministro recordou o seu "reconhecido mérito nos
serviços prestados (...) durante a luta pela libertação nacional e durante os
quase vinte anos de construção de umas Forças de Defesa, modernas,
profissionais e eficientes, capazes de dar resposta aos múltiplos desafios de
defesa interna e externa".
ASP//FST/EJ | Foto em Independente
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