Os investigadores da ONU pediram
hoje à justiça internacional que investigue e julgue o chefe do exército
birmanês e outros cinco oficiais superiores por "genocídio",
"crimes contra a humanidade" e "crimes de guerra" contra a
minoria rohingya.
"Os principais generais da
Birmânia, incluindo o comandante Min Aung Hlaing, devem ser investigados e
julgados por genocídio no norte do Estado de Rakhine, bem como por crimes
contra a humanidade e crimes de guerra nos estados de Rakhine, Kachin e Shan,
pediu a Missão de Inquérito das Nações Unidas para a Birmânia num relatório
conhecido hoje.
Na base desta decisão estão
centenas de entrevistas a expatriados rohingya e imagens de satélite que a
equipa, criada há seis meses pelo Conselho de Direitos Humanos apoiado pela
ONU, compilou na sequência dos relatos dos crimes, que incluem violação em
grupo, a destruição de várias aldeias, escravização e assassinatos de crianças.
A equipa não teve acesso a
Myanmar e criticou a "falta de cooperação ou mesmo resposta do
Governo", que recebeu uma cópia antecipada do relatório.
A Missão estima que cerca de 10
mil pessoas tenham sido mortas, mas os investigadores externos não tiveram
acesso às regiões afetadas, tornando a contagem quase impossível.
Os investigadores consideram que
a situação em Myanmar deveria ser encaminhada para o Tribunal Penal
Internacional (TPI) e, senão, para um tribunal especial.
Na semana passada, o governo de
Myanmar rejeitou qualquer cooperação com o TPI, da qual não faz parte.
A China, membro permanente do
Conselho de Segurança da ONU, com poder de veto sobre a possibilidade da
questão ser levada ao TPI, tem sido reticente em condenar o governo de Myanmar
durante a crise.
Autoridades da ONU e observadores
de direitos humanos apontam há meses para evidências de genocídio em Myanmar e
os Estados Unidos disseram no final do ano passado que a "limpeza
étnica" estava a acontecer em Myanmar.
O drama humanitário fez no dia 25
um ano e o seu epicentro foi no Estado de Rakhine, oeste de Myanmar, quando
mais de 700 mil membros da minoria muçulmana rohingya foram obrigados a fugir
para o vizinho Bangladesh.
Myanmar, onde a população é
maioritariamente budista, não reconhece esta minoria muçulmana como parte da
sua população, cortando-lhe direitos fundamentais e impondo-lhe múltiplas
restrições, nomeadamente a liberdade de movimentos.
Esta campanha de repressão do
exército de Myanmar contra os rohingyas é classificada pelo Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Direitos Humanos como "uma limpeza étnica",
marcada por violações, assassínios e destruição das casas desta minoria entre
2016 e 2017.
DD // SB // Lusa | em Jornal de
Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário