Díli, 07 fev (Lusa) - O
comandante da polícia timorense, Júlio Hornay, disse hoje que as autoridades
não vão tolerar que grupos de artes marciais continuem a causar o pânico entre
várias comunidades no país, defendendo uma operação alargada para lidar com o
problema.
"A situação suscita
preocupação e há que tomar medidas para lidar com estes atos criminosos que têm
vindo a acontecer, envolvendo jovens de grupos de artes marciais",
explicou o comandante da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL).
"Os grupos de artes marciais
estão a abusar demais", afirmou.
Hornai conta que os grupos atuam
ao nível comunitário, com ações de represálias mútuas, contribuindo para que a
população em algumas zonas "viva em pânico" e que a situação não pode
continuar.
"Por isso o comando vai
falar com o ministro para fazer uma operação importante para combater este
problema que prejudica a nação. O aparelho de Estado, tanto defesa como
segurança não vai tolerar mais isto", disse.
A operação alargada é necessária,
explicou, na sequência de vários incidentes de confrontos graves entre grupos
de artes marciais que ocorreram nas últimas semanas causando pelo menos um
morto, vários feridos e vários detidos.
"Tem que ser uma operação
coordenada e conjunto, com a PNTL e FDTL mas também as outras autoridades que
têm ligação com as artes marciais", disse.
"Estamos perante crimes
organizados. Os grupos organizam-se para se atacar uns aos outros. Os
incidentes, que ocorreram nos municípios de Díli, Baucau e Liquiçá, foram o
tema dominante do encontro semanal que Hornai manteve hoje com o Presidente da
República, Francisco Guterres Lu-Olo.
Duas pessoas foram presas e estão
em prisão preventiva, devido aos incidentes em Baucau e outros foram
investigados e interrogados.
O vice-diretor da Fundação Mahein
João Almeida - que acompanha em detalhe o setor da defesa e segurança - disse
recentemente à Lusa que a monitorização feita pela sua instituição mostra que a
maioria dos incidentes violentos do país apontam para o "envolvimento de
grupos de artes marciais".
Uma resolução, de julho de 2013,
determina a "extinção" dos principais grupos de artes marciais do
país, nomeadamente a PSHT, KORK e KERAH SAKTI aplicando ainda a "proibição
total da continuação de qualquer atividade de artes marciais dos respetivos
membros".
Esta resolução foi aprovada
depois de incidentes em Díli e noutros locais de Timor-Leste envolvendo
"grupos de artes marciais, que têm vindo a provocar distúrbios sérios,
destruição de bens, mortos e feridos".
ASP / SB
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