Díli, 07 fev (Lusa) - O
comandante da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) confirmou hoje que um
padre norte-americano suspeito de abusos sexuais de menores no enclave
timorense de Oecusse já foi interrogado e que o caso está a ser investigado.
"O processo ainda esta a
andar. Já foi interrogado pela investigação criminal e o processo está a andar.
Já falámos também o Ministério Público sobre a situação e até já falamos com o
bispo", disse Júlio Hornay, recusando-se a fazer comentários alargados
sobre o caso.
Questionado pela Lusa sobre o
caso, Hornay disse que o assunto está a ser gerido pelas autoridades de
investigação e pelo Ministério Público.
"Há outras questões também,
incluindo de imigração, por ser um cidadão estrangeiro", disse à saída do
seu encontro semanal com o Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo.
"Vamos esperar os resultados
das investigações", disse.
Também hoje o primeiro-ministro
timorense, Taur Matan Ruak disse que cabe à polícia e à justiça investigar o
caso do padre norte-americano suspeito de abusos de crianças num orfanato que
geria no enclave de Oecusse-Ambeno.
"Deixa a justiça tomar
conta. O processo está a andar. Tenho muito respeito por isso. E deixo que a
policia e a justiça tomem conta do assunto", disse hoje aos jornalistas no
Palácio Presidencial depois do seu encontro semanal com o chefe de Estado.
A publicação timorense Tempo
Timor revelou na semana passada que o padre Richard Daschbach teria sido
afastado pela Congregação da Doutrina da Fé (CDF) no Vaticano depois de acusações
de que abusou de várias crianças que estavam ao seu cuidado em Oecusse.
Citando responsáveis católicos
timorenses, a Tempo Timor revelou que Dascbach tinha admitido os seus crimes à
congregação Societas Verbi Divini (SVD ou Sociedade da Palavra Divina), tendo
sido inicialmente retirado do enclave.
Daschbach, 82 anos, natural de
Pittsburg, nos Estados Unidos, vive em Timor-Leste desde 1966 e em 1992
estabeleceu duas casas de abrigo de crianças, a TopuHonis, em dois espaços no
enclave de Oecusse.
A página da Topu Honis descreve
as casas de abrigo como um espaço seguro parra órfãos, crianças de famílias
pobres, adultos portadores de deficiência e mulheres que tentam escapar de
abuso.
Yohanes Suban Gapun explicou que a congregação recebeu no início de 2018 informação
sobre alegados abusos sexuais por parte de Daschbach, que foi suspenso de
funções enquanto decorria a investigação.
Gapun diz ter ouvido uma conversa
telefónica entre Daschbach e os seus superiores em Roma em que este confirmou
as suspeitas: "'É 100% verdade' disse ele. Repetiu isso quatro
vezes".
Apesar de ter sido suspenso e de
em novembro de 2018 ter sido laicizado, Daschback voltou para Oecusse onde
ainda está a residir.
ASP//MIM
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Uma iniciativa de crowdfunding foi lançada pela organização local que cuida das vítimas. Você pode contribuir na plataforma “Funded Justice”: https://www.fundedjustice.com/e1SLk0
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