Milhares
de migrantes estão a bordo de barcos incapazes de navegar no Sudeste Asiático,
e quando chegam à costa de países como Malásia e Indonésia, são rebocados de
volta para o mar. ONU apela a direito internacional.
Segundo
estimativas de organizações de direitos humanos, atualmente cerca de 8 mil
refugiados estão presos no Estreito de Malacca, entre a Indonésia e a Malásia.
A maioria vem de Bangladesh ou pertence à minoria muçulmana rohingya de
Myanmar.
Muitos
deles estão há mais de dois meses no mar, e quando finalmente chegam à costa,
são rebocados de volta. Nesta sexta-feira (15/05), a Marinha tailandesa
deportou um barco com pelo menos 300 imigrantes a bordo, depois de distribuir
suprimentos. A embarcação, com crianças a bordo, teria deixado as águas
tailandesas em direção à Indonésia.
As
autoridades do país disseram ter consertado o motor do barco e distribuído
água, comida e medicamentos, de acordo com a política tailandesa de
"assistência" a esse tipo de embarcação.
"Nós
lhes demos comida pronta", disse o governador da província de Satun,
Dejrat Limsiri. "Agora eles estão fora do território tailandês… eles vão
tentar ir para a Indonésia, já que, ao que parece, não podem ir para a Malásia."
A
Malásia reforçou o patrulhamento marítimo para impedir que migrantes entrem no
país, depois que mais de mil refugiados desembarcaram no norte da ilha de
Langkawi, no início da semana. Assim como a Indonésia, o governo malaio já
sinalizou que não vai abrigar os refugiados. "Nós temos que mandar a
mensagem certa, de que eles não são bem vindos aqui", disse o vice-ministro
do Interior da Malásia, Wan Junaidi Jaafar.
ONU
apela para direito internacional
O
secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon apelou aos países do sudeste
asiático para que recebam os refugiados marítimos. O resgate de refugiados em
alto mar é uma obrigação de direito internacional, enfatizou Ban em Nova York.
O
fluxo de migrantes desesperados na Baía de Bengal não vai cessar, a menos que
Mianmar acabe com a discriminação contra a minoria rohingya, disse nesta
sexta-feira o alto comissário da ONU para os direitos humanos da ONU, Zeid
Ra'ad al-Hussein.
De
acordo com dados da organização, mais de 1,3 milhão de membros da minoria
muçulmana Rohingya vivem no estado de Rakhine, no oeste de Mianmar, onde são
apátridas. Mianmar lhes nega cidadania por considerá-los imigrantes ilegais de
Bangladesh, embora muitos deles vivam no país há gerações. Atualmente eles são
perseguidos tanto pelo exército como por budistas extremistas.
"Enquanto
o governo de Mianmar não tratar da discriminação institucional contra a
população rohingya, incluindo acesso igualitário a cidadania, essa migração
precária vai continuar", declarou Zeid em comunicado.
Mais
de 120 mil rohingyas já fugiram para outros países em embarcações clandestinas
nos últimos três anos. Diante do recente combate das autoridades a traficantes
de pessoas, muitos foram abandonados no mar.
Indonésia
resgata 800 migrantes
Enquanto
isso, na costa leste da ilha indonésia de Sumatra foram resgatados cerca de 800
refugiados de Bangladesh e Mianmar nesta sexta-feira. "A última informação
que temos é que 974 pessoas foram encontradas no mar e rebocadas por pescadores
até terra firme", disseram as autoridades da cidade de Langsa.
Inicialmente
os migrantes foram impedidos de chegar à costa, mas como o barco estava prestes
a afundar, pescadores locais e a marinha resgataram as pessoas a bordo.
"Nosso
trabalho é impedir que barcos sem documentação entrem em nosso território, mas
se é uma situação humanitária, nós ajudamos", disse o porta-voz das Forças
Armadas, Fuad Basya.
Deutsche
Welle - FF/afp/ap/dpa
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