Díli,
14 ago (Lusa) - O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, e o
primeiro-ministro timorense, Rui Maria de Araújo assinaram hoje em Díli a
Concordada, o quadro jurídico das relações bilaterais entre os dois Estados.
A
assinatura assumiu particular relevância porque foi a primeira vez que uma
Concordata foi assinada fora do Vaticano e porque ocorreu na véspera dos 500
anos do primeiro contacto de navegadores e missionários portugueses com
Timor-Leste.
O
documento foi assinado depois de uma reunião das delegações dos dois países,
presidida por Rui Araújo e Pietro Parolin - que no Vaticano, ocupa o cargo
equivalente ao de primeiro-ministro - e que marcou o conteúdo mais político
desta visita a Díli.
Rui
Araújo destacou a "grande honra" de receber o enviado do papa
Francisco em Díli, "na celebração dos 500 anos da evangelização de
Timor-Leste", destacando o "apoio espiritual e material" que a
Igreja Católica tem dado ao povo timorense e o seu "significativo
contributo para o processo de libertação do povo" timorense.
"O
Estado de Timor-Leste reconhece o papel decisivo e pleno durante a luta pela
independência. A Igreja fez um grande serviço e ajudou a legitimar a causa nos
fóruns internacionais", disse.
Rui
Araújo considerou que a "relação especial" entre Timor-Leste e a
Igreja reflete-se no "facto histórico da concordata ser assinada" em
Díli e manifestou a vontade do Governo continuar a colaborar "em
parceria" com a Santa Sé e a Igreja em Timor-Leste.
Pietro
Parolin disse que mais de que um acordo entre Estados a concordata "tem
como finalidade as pessoas, neste caso as amadas pessoas de Timor-Leste",
definindo formas para melhor as apoiar no seu desenvolvimento total, material e
espiritual".
O
texto assinado, explicou, reafirma a responsabilidade de cada um nas suas
relativas competências, nota a separação entre Estado e Igreja "que é
claramente entendida e respeitada" e assenta nos princípios do direito
internacional em termos de liberdade religiosa e de professar a fé católica
publicamente.
"O
acordo oferece espaço e oportunidade para a Igreja católica atuar em sociedade,
de acordo com a sua missão de serviço ao povo e em linha com normas constitucionais
e a legislação local", explica.
Parolin
destacou a importância do acordo em Timor-Leste onde a Igreja contribuiu,
durante 500 anos, para formar "a fibra da sociedade", assumindo
sempre "com dignidade o sofrimento do seu povo", ao seu lado,
"na defesa dos seus direitos mais básicos".
Um
papel "na vida da nação", tendo ficado "firmemente implantada na
sociedade timorense que abraça a igreja não pela força da espada mas pela
abertura do seu coração".
O
enviado do papa Francisco foi recebido no Palácio do Governo pelo
primeiro-ministro, uma grande parte do executivo e uma guarda de honra das
F-FDTL (Forças de Defesa de Timor-Leste).
Pietro
Parolin tem ainda hoje previstos encontros de cortesia com o presidente do
Parlamento Nacional, Vicente Guterres e com o Presidente da República, Taur
Matan Ruak.
Durante
a tarde está prevista uma visita guiada ao Arquivo e Museu da Resistência antes
de uma missa na Catedral de Díli.
O
Palácio de Lahane acolhe, à noite, o jantar oficial oferecido pelo
primeiro-ministro.
O
ponto alto da visita ocorre na manhã de sábado quando o cardeal preside a uma
missa, em Taci Tolo ,
à saída oriental da capital timorense, que coincide com o 500.º aniversário da
evangelização de Timor-Leste.
Pietro
Parolin parte de Díli na tarde de sábado.
ASP
// FV.
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