Díli,
14 ago (Lusa) - Timor-Leste pode ser um entreposto, um "transatlântico
imóvel", para as empresas portuguesas e da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) usarem como plataforma para a Ásia, capitalizando assim nas
amplas oportunidades desta região, disse hoje Mari Alkatiri.
O
atual responsável da Autoridade da Região Administrativa e da Zona Especial de
Economia Social de Mercado (ZEESM) de Oecusse falava à Lusa na véspera dos 500
anos da chegada a Lifau, no enclave de Oecusse, dos primeiros navegadores
portugueses.
"Há
500 anos o que aconteceu foi o início de uma interação cultural. A chegada dos
portugueses. Com os navegadores portugueses vieram os missionários portugueses
e isso, com a interação cultural, gerou uma nova identidade aqui em
Timor-Leste, para o povo de Timor-Leste que se tornou diferente do resto aqui à
volta", disse na entrevista.
"Mesmo
se dissermos e assumirmos como verdadeira a afirmação de que mesmo a parte
indonésia oriental de Timor é maioritariamente católica, a evangelização
portuguesa marcou a diferença se compararmos com a outra evangelização",
disse.
Um
momento marcado sábado mas que será mais amplamente recordado nas comemorações
previstas para novembro no enclave de Oecusse, onde primeiro chegaram os
navegadores portugueses.
Questionado
pela Lusa sobre se Timor-Leste começa ou não a ser destino para as empresas
portuguesas, Mari Alkatiri disse que "as coisas começam a melhorar",
depois de muitos anos verem o país como um território demasiado distante.
"Portugal
virou-se demais para o norte, esqueceu um pouco o sul, quando a sua vocação era
virar-se para o sul. Quis-se virar para o norte, ser mais europeu que qualquer
outro europeu e passa pela crise que está a passar, também por isso",
explica.
"Quanto
tentou virar para o sul, fê-lo já tardiamente e neste momento, num período de
crise, os países africanos são realmente os países que ainda podem albergar
muitas empresas portuguesas", disse.
Timor-Leste
também o poderá fazer, mas noutro contexto, "não como país em si só, mas
como uma plataforma para a região", uma mudança de estratégia que
considera já se conseguiu fazer.
"Portugal
e outros países da CPLP sabem que a zona do mundo que está a experimentar
grande crescimento económico e vai ser o centro da economia mundial é aqui esta
zona", disse.
"Naturalmente
que tendo um entreposto imóvel, o transatlântico imóvel como Timor-Leste, para
esta economia regional da Ásia e o Pacifico, acho que Portugal e os países da
CPLP, deveriam saber aproveitar melhor isto", disse.
Mari
Alkatiri adiantou que do lado timorense tem que haver "capacidade para
fazer propostas claras".
"Porque
dizer só que Timor pode fazer isso e não aparecer com propostas claras e
convincentes, também é muito difícil", disse.
No
caso concreto de Timor-Leste, Mari Alkatiri explicou que, por exemplo, são já
empresas portuguesas que estão a fazer toda a verificação dos grandes projetos
que estão a ser executados em Oecusse, incluindo estradas, aeroporto e uma nova
ponte.
Acaba
igualmente de ser fechado um acordo com uma empresa portuguesa para a
construção no enclave de uma clínica que será a base do futuro hospital de
Oecusse.
ASP
// EL
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