Díli,
14 ago (Lusa) - Os projetos de infraestruturas a desenvolver no enclave
timorense de Oecusse estão a avançar em bom ritmo e 40% dos cerca de 130
milhões de dólares (116 milhões de euros) orçamentados este ano já foram
executados, disse Mari Alkatiri.
O
atual responsável da Autoridade da Região Administrativa e da Zona Especial de
Economia Social de Mercado (ZEESM) de Oecusse falava à Lusa na véspera dos 500
anos da chegada a Lifau, no enclave de Oecusse, dos primeiros navegadores
portugueses.
Segundo
Alkatiri o objetivo é ter executado até final do ano, em termos de capital de
desenvolvimento, 70% do valor total transferido para a região, com o resto a
ser "executado facilmente" noutros componentes orçamentais.
Recorde-se
que no início do ano o Governo timorense transferiu para a ZEESM cerca de 130
milhões de dólares para os primeiros grandes projetos de infraestruturas na
região.
A
par destes projetos, explicou em entrevista à Lusa, foi já criado um
"fundo especial de desenvolvimento que vai ter que ser capitalizado"
- tendo já um valor de 20 milhões de dólares - e que será "utilizado para
poder fazer investimentos em parcerias com privados".
"Isso
das PPP (Parcerias Público-Privadas) ser um ministério a dirigir, não concebo.
Tem que haver uma dinâmica comercial, uma gestão comercial e profissional
capaz, para poder realmente ser parceiro", disse.
"Se
não o parceiro chega, gasta dinheiro e nós não pagamos. Por isso se criou esse
fundo de capital que já tem 20 milhões de dólares e que vai ser a instituição a
fazer gestão das participações de Oecusse no investimento", explicou.
As
obras na região estão a avançar a ritmo acelerado para poder acolher,
adequadamente, os convidados que se espera para as celebrações, a 28 de
novembro, quer dos 500 anos da chegada dos portugueses quer dos 40 anos da
independência declarada em 1975.
"O
calendário de novembro veio dar-nos primeiro uma oportunidade de mostrar se
somos capazes ou não. Segundo obrigar-nos a responder às necessidades
imediatas", disse.
"Mas
tudo o que está a ser feito para novembro é para o desenvolvimento
posterior", afirmou.
Alkatiri
explicou que as solicitações e pedidos de informação que tem recebido superam
as suas próprias expetativas, com vários pedidos concretos de investimento,
algo que se deve aos potenciais da sub-região em que o enclave está inserido.
"Não
é por causa do mercado de Oecusse nem sequer do mercado de Timor-Leste, mas por
causa do mercado regional e sub-regional. Só no sub-regional da Indonésia são
já 30 a 40 milhões de pessoas, que estão um pouco abandonadas. Isso
atrai", explicou.
"E
depois essa possibilidade de Oecusse ser um local de 'transhipment' mais barato
para todo o negócio que está a aumentar de dia para dia nesta área",
afirmou.
Em
termos dos projetos concretos Mari Alkatiri disse que estão em curso dois
grandes pacotes de estradas, as obras do aeroporto e porto, um hotel, a maior
ponte de Timor-Leste, sobre a ribeira de Tono, zonas ajardinadas e um complexo
desportivo.
Alkatiri
rejeita críticas dos que afirmam que os empresários timorenses não estão a
beneficiar dos projetos, considerando que não há empresas timorenses com
dimensão para os fazer sozinhos, mas que beneficiam de subcontratações e
pequenos projetos.
A
grande maioria dos projetos, disse, foram ganhos por empresas indonésias que
parecem, explica, interessadas numa aposta a mais longo prazo, levando para a
região maquinaria nova.
Destaca
ainda a importância do desenvolvimento da região de Oecusse para a própria
metade indonésia da ilha, que "já está a beneficiar" dos projetos,
com o material de construção, que antes ia de Díli, a ser agora
maioritariamente comprado em Timor Ocidental.
"Isso
ajuda a melhorar a economia local", explicou.
ASP
// EL
Sem comentários:
Enviar um comentário