sábado, 5 de março de 2016

Movimento 'localism' ganha força nas universidades de Hong Kong


Hong Kong, China, 05 mar (Lusa) -- Metade das oito universidades com financiamento público de Hong Kong elegeram ou preparam-se para eleger líderes estudantis simpatizantes dos grupos 'localists', que defendem a proteção da identidade local por oposição a Pequim, segundo o South China Morning Post.

Não obstante, nenhum dos líderes estudantis entrevistados pelo jornal defende como seu principal objetivo a independência de Hong Kong em relação à China, ums das ideias que também caraterizam os grupos 'localists'.

A abordagem destes líderes estudantis assenta na defesa dos interesses dos locais e proteção da identidade da cidade, escreve hoje o jornal South China Morning Post (SCMP).
A Universidade de Hong Kong, a Universidade Chinesa de Hong Kong e a Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong são três das instituições de ensino superior da antiga colónia britânica que já elegeram um líder 'pro-localist' para a respetiva associação de estudantes.

A Universidade Baptista deverá fazer o mesmo, uma vez que o único candidato à associação apoia o movimento.

Já a Universidade Lingnan é liderada por Devon Cheng Pui-lun, descrito como 'não-localist', mas que formou uma equipa mista, integrada por alguns membros do movimento.

A Polytechnic University é descrita pelo jornal como "a mais morna" das associações de estudantes no que diz respeito ao apoio ao 'localism'. A estrutura é liderada por Franco Wong Chak-hang.

A City University e o Instituto de Educação de Hong Kong não têm programadas eleições para a respetivas associações de estudantes este ano.

Ernie Chow Shue-fung, recém-eleito na Universidade Chinesa de Hong Kong, disse ao SCMP que a associação que lidera quer apenas que a antiga colónia britânica tenha autonomia para decidir o seu futuro.

"Seja a total independência para Hong Kong, a unificação Hong Kong-Grã-Bretanha ou a continuação sob o princípio 'um país, dois sistemas'(...), os 'Hongkongers' [termo usado para descrever os locais] não têm autonomia para escolher", afirmou.

Althea Suen, recém-eleita líder da associação de estudantes da Universidade de Hong Kong, disse anteriormente à Commercial Radio que a rutura de Hong Kong com a China "era uma opção viável".

Já em declarações ao SCMP, esclareceu que não sugeria a independência total como objetivo final, mas que "vale a pena discutir".

Suen acrescentou que tinha feito os comentários à rádio a título pessoal e que, "por agora, a associação de estudantes da Universidade de Hong Kong não tem uma posição sobre o assunto" (a questão da independência).

O 'Localism', movimento que mobiliza campanhas na internet pela identidade local ou independência de Hong Kong, ganhou apoio nas últimas semanas, desde os confrontos na zona de Mong Kok, há cerca de um mês, em que vários membros de grupos 'localists' foram detidos e acusados de participação em motim e rotulados pelo governo central chinês como "radicais separatistas".

Um dos detidos e acusados foi Edward Leung Tin-kei, porta-voz do grupo Hong Kong Indigenous, que também foi candidato às eleições intercalares para o Conselho Legislativo (parlamento) realizadas no domingo no círculo de New Territories East, conquistando o terceiro lugar na votação, com 15,4 por cento dos 66.524 votos.

Esta eleição foi ganha pelo pró-democrata Alvin Yeung Ngok-kiu, do Partido Cívico.
FV // APN

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