Pequim,
04 abr (Lusa) -- Pessoas próximas de altos dirigentes chineses, incluindo do
Presidente Xi Jinping e do ex-primeiro-ministro Li Peng, esconderam fortunas em
paraísos ficais através de empresas de fachada, segundo uma investigação do
Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).
Depois
de analisar 11,5 milhões de documentos da empresa de advogados panamiana
Mossack Fonseca, o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação
(ICIJ), numa investigação que envolve mais de uma centena de órgãos de
comunicação social, revelou hoje que 140 responsáveis políticos ou
personalidades internacionais tinham colocado ativos em paraísos fiscais.
Entre
os familiares ou pessoas próximos de altos responsáveis chineses figura Deng
Jiagui, marido da irmã mais velha de Xi Jinping.
Em
2009 -- quando Xi era membro do comité permanente do Politburo do Partido
Comunista Chinês (PCC), a cúpula do poder no país, mas ainda não Presidente --
Deng tornou-se o único acionista de duas empresas de fachada nas Ilhas Virgens
britânicas, revelou o ICIJ.
Em
junho de 2012, numa investigação sobre a fortuna da família de Xi Jinping, a
Bloomberg já tinha revelado que Deng Jiagui e a sua mulher detinham milhões de
dólares em ativos imobiliários e títulos financeiros.
Desde
a sua ascensão ao poder, no final de 2012, Xi Jinping manifestou vontade de
combater a corrupção, através de uma vasta campanha bastante mediatizada, cuja
eficácia é contestada por observadores.
Nos
documentos panamianos analisados pelo ICIJ, figura igualmente o nome de Li
Xiaolin, filha de Li Peng, primeiro-ministro chinês entre 1987 e 1998.
Li
Xiaolin era, juntamente com o marido, beneficiária de uma fundação no
Liechtenstein, controlada por uma empresa registada nas Ilhas Virgens
britânicas, na época em que o seu pai estava em funções.
A
neta do Jia Qinglin, ex-membro do comité permanente do Politburo do PCC, era
então o único acionista de várias sociedades "offshore", através das
quais controlava discretamente os grupos na China.
"Os
Documentos do Panamá" - nome pelo qual é conhecida a lista - referem
também Patrick Devillers, arquiteto francês que ajudou a mulher do antigo
dirigente Bo Xilai a adquirir -- através de uma empresa de fachada -- uma
propriedade imobiliária em França, uma operação financiada por subornos de um
homem de negócios.
Estas
revelações seguem uma investigação anterior do ICIJ, que em janeiro de 2014
mostrou como perto de 22.000 clientes ricos oriundos do interior da China e de
Hong Kong estavam implicados nas empresas "offshore".
Na
lista agora difundida figuram magnatas do mundo dos negócios, e pessoas da
elite política da segunda economia mundial, incluindo figuras próximas do
antigo Presidente Hu Jintao, de Xi Jinping, de Deng Xiaoping, e do
ex-primeiro-ministro Wen Jiabao.
A
estrela de cinema de Hong Kong Jack Chan detém pelo menos seis empresas geridas
através do escritório de advogados Mossack Fonseca, escreve hoje o jornal South
China Morning Post.
Mas
segundo o ICIJ, tal como muitos clientes da respetiva empresa de advocacia, não
há provas de que Chan tenha usado as suas empresas para propósitos ilícitos.
FV
// JPS
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