Díli,
05 mai (Lusa) - A compositora e cantora norte-americana de ascendência
timorense Jen Shyu é uma das vencedoras da edição deste ano dos Prémios Doris
Duke, um programa que reconhece o potencial de artistas e garante a sua futura
viabilidade.
Iniciativa
da Duke Charitable Foundation em parceria com a Creative Capital os Prémios
Doris Duke Performing Artist pretende "capacitar, investir e
celebrar" os artistas, oferecendo-lhes financiamento num mercado onde
conseguir apoios é difícil.
Lançado
em 2011 o programa apoia artistas nas áreas de dança contemporânea, teatro,
jazz e outros trabalhos interdisciplinares relacionados, concedendo a cada um
250 mil dólares.
"Os
apoios não estão condicionados a nenhum projeto especifico mas pretende
aprofundar investimentos no desenvolvimento pessoal e profissional e no futuro
trabalho dos artistas", explica a Duke Foundation.
Jen
Shyu já no passado tinha recebido um prémio da fundação, o Doris Duke Impact
Awards (no valor de 80 mil dólares).
Filha
de pai taiwanês e mãe timorense, Shyu é uma vocalista de jazz experimental e
uma multi-instrumentista que canta em inglês, coreano, indonésio e tétum - é
fluente em mandarim, português e espanhol.
No
ano passado lançou "Sounds and Cries of the World", que como explicou
à Lusa foi influenciado por sonhos de Timor-Leste, um cabaz de experiências
musicais do continente asiático e uma viagem às raízes da sua família
timorense.
Já
no passado Shyu tinha mergulhado no mundo lusófono, com a poesia da brasileira
Patricia Magalhães a marcar o álbum "Inner Chapters",
maioritariamente cantado em português.
Em
entrevista à Lusa no ano passado, Jen Shyu recordou a sua primeira visita a
Timor-Leste, em 2010, os sonhos que a marcaram durante essa estadia de três
meses - "escrevia-os de manhã, ao acordar" - e a influência das
viagens musicais que tem feito.
"Tornou-se
um aspeto central do meu processo criativo. Estudo música tradicional e
tradição como compositora que respeita e honra essa linguagem. Cada vez mais
músicos de jazz mergulham nesta linguagem tradicional, que incorporam na sua
sonorização", explicou.
Praticamente
todos os temas do álbum são diretamente influenciados pela sua visita a
Timor-Leste, ecoando os seus sonhos e os de uma artista timorense, a Kiki
Zelara, que integra o coletivo artístico timorense Arte Moris.
A
influência timorense no álbum estende-se à capa que é uma pintura de Maria
Madeira, uma artista timorense residente na Austrália e reflete até passagens
do extenso relatório da Comissão de Acolhimento Verdade e Reconciliação (CAVR)
timorense.
"Song
for Naldo" é um dos exemplos mais poderosos, recordando na letra a tortura
a que os timorenses foram sujeitos e retratando os sonhos que Jen Shyu
construiu, de forma quase orgânica, compondo letra e música ao mesmo tempo, ao
som do Gatkim, uma "Guitarra da Lua" taiwanesa.
Nessa
fusão, inclui uma canção tradicional que aprendeu a "cantar em tétum com o
mestre Marçal" nos arredores de Aileu, a sul de Díli.
A
sua música é experimental e eclética, vertendo as múltiplas influências que têm
marcado a sua vida e os efeitos das investigações e pesquisas que realizou
durante viagens a vários países.
O
componente lírico mistura-se entre o surreal e o imaginário, com a música a
soar a improviso e a beneficiar de músicos que se adaptam a esse estilo:
Ambrose Akinmusire na trompeta, Mat Maneri no violino, Thomas Morgan no baixo e
Dan Weiss na bateria.
Aplaudida
pela crítica - o The Guardian descreve-a como um "fenómeno notável",
Jen Shyu tem já um extenso trabalho de estúdio, com vários álbuns de lançamento
digital, a que se somam vários projetos especiais.
ASP
// APN
1 comentário:
NESTA NOTICIA,....MOSTRA QUE OS TIMORENSES TEM A SUA CAPACIDADE ORIGINAL TIMORENSE.....E ESTA ESTRELA LOROSAE-AMERICANA MOSTROU A SUA GRANDEZA E HUMILDADE DE SER UM FILHO DE TIMOR NO SEIO DA GLOBALIZACAO....
TIMOR MOS BELE.....
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