As
delegações do Governo moçambicano e da Renamo, maior partido de oposição,
disseram que o primeiro encontro que mantiveram hoje (25/5) em Maputo foi apenas
preparatório e anunciaram uma nova ronda de conversações para segunda-feira.
Jacinto
Veloso, um dos nomes indicados pelo Presidente da República, e André Majibire,
nomeado pelo líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), afirmaram à
saída da reunião que só a partir de segunda-feira começarão a tratar do
conteúdo da agenda preparatória do encontro ao mais alto nível entre as duas
partes, visando o restabelecimento da paz em Moçambique.
"Foi
um encontro preparatório, de troca de ideias sobre os assuntos a tratar no
quadro da preparação do encontro, que esperamos que seja brevemente, do
Presidente da República e do presidente da Renamo, com o objetivo de encontrar
uma solução para a paz e reconciliação nacional", declarou Jacinto Veloso,
descrevendo que a reunião decorreu num "ambiente muito cordial".
André
Majibire disse, por seu lado, que esta primeira ronda serviu para "fazer
uma abordagem sobre a metodologia de trabalho" das sessões de diálogo
seguintes, nas quais se espera alcançar uma agenda e os termos de referência
para o encontro entre o chefe de Estado, Filipe Nyusi, e o presidente da
Renamo, Afonso Dhlakama.
"Temos
um mandato, que é para preparar a agenda e os termos de referência, para
enviarmos ao mais alto nível, razão pela qual dissemos que tivemos um encontro
preparatório", assinalou o representante da Renamo.
O
Governo e a Renamo retomaram hoje em Maputo o diálogo sobre o fim da crise
política e militar no país, após vários meses de paralisação das negociações.
Para
a comissão mista hoje reunida, Nyusi indicou Jacinto Veloso, um histórico da
Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e membro do Conselho Nacional de
Defesa e Segurança, Benvinda Levy, conselheira do Presidente da República e
ex-ministra da Justiça, e Álvaro Muteque, quadro da Presidência da República.
Por
seu turno, Afonso Dhlakama nomeou os deputados Eduardo Namburete, ausente do
encontro de hoje, José Manteigas e André Majibire.
As
negociações entre o Governo moçambicano e a Renamo estão paralisadas há vários
meses, depois de o partido de oposição se ter retirado do processo, alegando
falta de progressos e de seriedade por parte do executivo.
Apesar
da disponibilidade para as conversações, a última semana foi marcada por várias
ações militares atribuídas pelas autoridades a homens armados da Renamo, incluindo
ataques a viaturas civis e assassínio de dirigentes da administração local.
Mas
também por ações que o partido de oposição entende serem de intimidação contra
os seus membros ou contra a livre expressão em Moçambique, além de uma denúncia
de movimentações militares junto da residência de Afonso Dhlakama na serra da
Gorongosa.
Ao
regressar a Maputo da sua visita à China no domingo, o Presidente moçambicano
considerou que o diálogo tem de ser acompanhado pelo fim de ações militares da
Renamo.
A
este respeito, André Majibire referiu que uma eventual trégua não foi abordada
na reunião de hoje.
"Faz
parte da substância que vamos tratar a partir de segunda-feira", afirmou.
Moçambique
tem conhecido um agravamento da violência política, com relatos de confrontos
entre a Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, além de acusações mútuas de
raptos e assassínios de militantes dos dois lados e ainda ataques atribuídos
pelas autoridades ao braço militar da oposição a alvos civis no centro do país.
O
principal partido da oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições
gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória
no escrutínio.
HB/PMA
// VM - Lusa
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