Maria
do Carmo Trovoada Pires de Carvalho Silveira
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Lisboa,
26 mai (Lusa) -- O primeiro-ministro são-tomense considerou que a futura
secretária-executiva da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
Maria do Carmo Silveira, é um "valor acrescentado" no quadro da
transformação organização em estrutura económica para a lusofonia.
"Trata-se
de uma personalidade bastante interessante: foi primeira-ministra, ministra das
Finanças e governadora do banco central" de São Tomé e Príncipe, afirmou
Patrice Trovoada, em entrevista à Lusa, considerando que a sua escolha
"pode trazer valor acrescentado".
Depois
de dois mandatos do moçambicano Murade Murargy à frente do Secretariado
Executivo, é a vez de São Tomé e Príncipe escolher o nome, tendo sido indicada
Maria do Carmo Silveira, que será votada na próxima cimeira da CPLP, que deverá
realizar-se este ano, mas ainda não tem data marcada.
"O
facto de ser uma mulher é um sinal interessante que damos, sobretudo quando
sabemos que quase todos os países membros da CPLP fazem prova de um grande
machismo", disse Trovoada, esperando que esta nova "liderança traga
alguns avanços quanto à questão do género" para o espaço de língua
portuguesa.
No
entanto, mais do que a "liderança técnica" da CPLP, Patrice Trovoada
defendeu mudanças na "estratégia política" da instituição, fundada há
20 anos.
"Temos
de encontrar um projeto, que seja um projeto bastante inovador e que,
sobretudo, vá ao encontro da expetativa da maioria dos membros, que é uma
expetativa económica", afirmou.
Na
sua opinião, "a CPLP tem de se tornar num espaço económico de excelência e
de atração para todos os seus membros".
"Se
nós chegarmos a construir esse modelo, com a participação de todos,
nomeadamente com Portugal e o Brasil, já seria um passo", afirmou o
governante.
Numa
"África balcanizada", a CPLP "tem um modelo único",
reconheceu Patrice Trovoada, esperando que os governos apostem na abertura de
laços económicos.
Sobre
a entrada recente na CPLP da Guiné Equatorial, vizinha de São Tomé e Príncipe,
que foi criticada por vários ativistas de direitos humanos, Patrice Trovoada
reconheceu a "hipocrisia das relações internacionais".
"Se
nós não tirarmos proveito das potencialidades de cada um dos membros outros
tirarão proveito", afirmou Patrice Trovoada, comentando os problemas de
direitos humanos e o regime do país vizinho.
"Creio
que é preciso inverter a análise: existe uma proximidade e um complexo
histórico, geográfico e cultural à partida, mas é a partir disso que nós
devemos construir", disse.
"Qualquer
país membro da CPLP encontrará na CPLP os seus primeiros amigos" e a
"Guiné Equatorial vem de um passado dramático", com uma "ditadura
feroz" logo após a independência, na década de 1960.
PJA
// VM
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