Díli,
28 out (Lusa) - Os melhores resultados das escolas de referência de
Timor-Leste, com professores portugueses e timorenses, mostram que a formação
de docentes e a metodologia de ensino são essenciais para fortalecer a
capacidade dos alunos, disse hoje o ministro da Educação.
António
da Conceição disse que os currículos dos Centros de Aprendizagem e Formação
Escolar (CAFE), conhecidos como escolas de referência, e as restantes escolas
do ensino público timorense são idênticos e que a única diferença é a
capacidade dos professores e as metodologias de ensino.
"O
que se vê de diferente nas CAFE é a atitude, a forma de ensinar dos professores
portugueses e a sua relação com os alunos. São questões específicas que fazem
com que o estudante se sinta psicologicamente mais satisfeito na sala de aula e
mais ambientado a estudar", disse à Lusa, em Díli.
"Quando
comparamos as escolas públicas normais com os CAFE, onde também se ensina
timorenses em tétum e português, nota-se um progresso significativo",
disse.
Os
CAFE são o elemento mais importante do programa de apoio ao ensino do português
em Timor-Leste, abrangendo mais de 7.000 alunos do ensino pré-escolar e básico.
Para
António da Conceição, a par do debate sobre a língua de instrução, "um dos
problemas essenciais é a capacidade dos professores e as metodologias de ensino
que devem ser adotadas" para ensinar.
"São
questões que o ministério está a avaliar, para ver como podemos melhorar a
formação dos professores, não apenas no domínio da língua e da matéria, mas
também as formas de comunicar, as metodologias de ensino e de relação com os
alunos", disse.
Antonio
da Conceição falou à Lusa à margem de um encontro para apresentar os resultados
do projeto-piloto de educação multilingue baseada na língua materna (EMBLI, na
sigla em tétum), que comparou alunos ensinados com língua materna com os das
escolas públicas normais e dos CAFE.
"Não
se trata de um debate sobre política linguística, e o tétum e português
continuam a ser línguas de instrução. O que se pretende é avaliar todas as
opções para melhorar a qualidade educativa", disse na apresentação do
relatório.
À
Lusa, afirmou que o projeto-piloto não se vai materializar para já em política
do Governo, "até por falta de recursos", mas é "mais um
contributo para a melhoria da educação.
"Não
[o] considero como um projeto que tencionamos continuar. Não temos ainda um
orçamento específico para isto. Penso que agora deve-se analisar isto ainda
melhor a nível académico e ver se e como podemos contribuir para levar este
projeto adiante", afirmou.
O
estudo, apresentado por Stephen Walker, do Graduate Institute of Applied
Linguistics, sediado em Dallas, no Texas, analisou alunos em escolas-piloto de
três regiões (Lautem, Manatuto e Oecusse).
Na
análise comparativa da "eficácia educativa", o estudo dá uma nota de
27,88 valores às escolas públicas normais, de 55,36 aos CAFE e de 58,63 às
EMBLI. Inclui na avaliação testes de leitura, compreensão e matemática (entre
outros) e aspetos como participação no ensino pré-escolar, faltas e outros
"ajustamentos contextuais".
Segundo
este estudo, os alunos do projeto EMBLI tiveram resultados mais elevados em
todos os testes exceto em matemática do que os colegas das outras escolas
públicas, em muitos casos, duplicando as notas.
ASP
// MP
Sem comentários:
Enviar um comentário