sábado, 29 de outubro de 2016

Mobilidade e captação de capitais essenciais para mais negócios - PM timorense


Díli, 28 out (Lusa) - A mobilidade e a captação de capitais é essencial para o processo de dinamização económica da CPLP e vital para conseguir fomentar o maior intercâmbio entre empresários lusófonos e das regiões onde se inserem, defendeu o primeiro-ministro timorense.

"A mobilidade de capitais é um dos componentes (...) mas também existe a necessidade da mobilização de capitais", disse Rui Maria de Araújo, em entrevista à Lusa, para um balanço da presidência timorense da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que termina este mês.

O chefe do Governo explicou que já estão em curso estudos e análises para encontrar modelos que ajudem a "dar mais acesso à mobilidade de capitais na região, com a participação de países membros da CPLP" e que é preciso fazer mais.

"Os contactos iniciais já foram feitos, abriram-se as portas, mas precisamos de dinamizar mais estes esforços, especialmente na questão de mobilização e mobilidade de capitais, a fim de tornar realidade as grandes ideias que surgiram durante todo este intercâmbio entre empresários da CPLP e da região", frisou.

Além do fomento de sinergias e parcerias de negócio, a presidência timorense promoveu debates sobre propostas como a criação de um consórcio de hidrocarbonetos e um banco de desenvolvimento, ideias que podem continuar a ser debatidas durante a presidência brasileira, que começa após a XI cimeira da organização, a 31 de outubro e 01 de novembro, em Brasília.

Debates que ocorreram paralelamente ao vincar da mensagem sobre a posição estratégica de Timor-Leste, uma realidade que depois de dois anos de presidência é mais conhecida, mas sobre a qual é preciso agora dar passos mais concretos, disse.

"Estamos todos conscientes de que é preciso fazer mais no que toca a criar condições para que essas ideias, esses empreendimentos em negócios possam ganhar forma. Reparou-se que há uma crescente consciencialização da importância de Timor-Leste como entrada para os negócios aqui na região asiática e também no pacífico", referiu o chefe do Governo.

Globalmente, Rui Araújo considerou a presidência de estreia de Timor-Leste "uma experiência excecional" para o país, que pode "estar à frente de uma organização que representa cerca de 200 milhões de falantes" da língua portuguesa.

"Foi muito gratificante. Enfrentámos várias dificuldades, mas no geral foi uma excelente experiência para Timor-Leste, particularmente a nível de tentarmos saber até que ponto somos capazes de organizar eventos de carater internacional, não só do ponto de vista logístico, mas do ponto de vista de substância", afirmou.

Rui Araújo destacou, em particular, a aposta inovadora na realização do 1.º Fórum Económico Global da CPLP, que decorreu no inicio deste ano, e que Timor-Leste quer repetir anualmente, como espaço privilegiado para fomentar negócios lusófonos e entre a lusofonia e a região da Ásia e Pacífico.

A presidência, destacou, permitiu também a Timor-Leste "projetar-se ainda mais no mundo dos negócios, tanto a nível regional como internacional", mas também "na área da diplomacia, e da língua e da cultura".

Outro dos momentos da presidência timorense foi a adesão da Guiné Equatorial à CPLP, na cimeira de Díli, em 2014, que começou com algumas críticas, de vários setores dentro da lusofonia, mas que se foi cimentando ao longo dos últimos dois anos.

"Se a intenção era melhorar as condições de vida na Guiné Equatorial, isolando-os não é a melhor estratégia para levar a isso. Os líderes timorenses pensam que é sempre mais produtivo envolver os países, as pessoas, a fim de partilhar as experiências e de uma forma mais indireta tentar convencer a fazer aquilo que faz parte das normas internacionais, como a questão dos direitos humanos ou da boa governação", considerou.

"Os efeitos do isolamento são mais maléficos ou prejudiciais comparando com a abertura e o envolvimento, com a participação ativa e o intercâmbio", considerou.

Rui Araújo disse que "foi esse o princípio advogado por Timor-Leste na adesão da Guiné Equatorial" e que apesar da preocupação "de que a Guiné Equatorial que não estava à altura de assumir as suas responsabilidades, foi bom essa coragem de abrir a porta".

"Avançar com essa aceitação, do ponto de vista de Timor-Leste, está a mostrar os seus efeitos positivos", considerou.

Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

ASP // VM

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