Díli,
28 out (Lusa) - A mobilidade e a captação de capitais é essencial para o
processo de dinamização económica da CPLP e vital para conseguir fomentar o
maior intercâmbio entre empresários lusófonos e das regiões onde se inserem,
defendeu o primeiro-ministro timorense.
"A
mobilidade de capitais é um dos componentes (...) mas também existe a
necessidade da mobilização de capitais", disse Rui Maria de Araújo, em
entrevista à Lusa, para um balanço da presidência timorense da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP) que termina este mês.
O
chefe do Governo explicou que já estão em curso estudos e análises para
encontrar modelos que ajudem a "dar mais acesso à mobilidade de capitais
na região, com a participação de países membros da CPLP" e que é preciso
fazer mais.
"Os
contactos iniciais já foram feitos, abriram-se as portas, mas precisamos de
dinamizar mais estes esforços, especialmente na questão de mobilização e
mobilidade de capitais, a fim de tornar realidade as grandes ideias que
surgiram durante todo este intercâmbio entre empresários da CPLP e da
região", frisou.
Além
do fomento de sinergias e parcerias de negócio, a presidência timorense
promoveu debates sobre propostas como a criação de um consórcio de
hidrocarbonetos e um banco de desenvolvimento, ideias que podem continuar a ser
debatidas durante a presidência brasileira, que começa após a XI cimeira da
organização, a 31 de outubro e 01 de novembro, em Brasília.
Debates
que ocorreram paralelamente ao vincar da mensagem sobre a posição estratégica
de Timor-Leste, uma realidade que depois de dois anos de presidência é mais
conhecida, mas sobre a qual é preciso agora dar passos mais concretos, disse.
"Estamos
todos conscientes de que é preciso fazer mais no que toca a criar condições
para que essas ideias, esses empreendimentos em negócios possam ganhar forma.
Reparou-se que há uma crescente consciencialização da importância de
Timor-Leste como entrada para os negócios aqui na região asiática e também no
pacífico", referiu o chefe do Governo.
Globalmente,
Rui Araújo considerou a presidência de estreia de Timor-Leste "uma
experiência excecional" para o país, que pode "estar à frente de uma
organização que representa cerca de 200 milhões de falantes" da língua
portuguesa.
"Foi
muito gratificante. Enfrentámos várias dificuldades, mas no geral foi uma
excelente experiência para Timor-Leste, particularmente a nível de tentarmos
saber até que ponto somos capazes de organizar eventos de carater
internacional, não só do ponto de vista logístico, mas do ponto de vista de
substância", afirmou.
Rui
Araújo destacou, em particular, a aposta inovadora na realização do 1.º Fórum
Económico Global da CPLP, que decorreu no inicio deste ano, e que Timor-Leste
quer repetir anualmente, como espaço privilegiado para fomentar negócios
lusófonos e entre a lusofonia e a região da Ásia e Pacífico.
A
presidência, destacou, permitiu também a Timor-Leste "projetar-se ainda
mais no mundo dos negócios, tanto a nível regional como internacional",
mas também "na área da diplomacia, e da língua e da cultura".
Outro
dos momentos da presidência timorense foi a adesão da Guiné Equatorial à CPLP,
na cimeira de Díli, em 2014, que começou com algumas críticas, de vários
setores dentro da lusofonia, mas que se foi cimentando ao longo dos últimos
dois anos.
"Se
a intenção era melhorar as condições de vida na Guiné Equatorial, isolando-os
não é a melhor estratégia para levar a isso. Os líderes timorenses pensam que é
sempre mais produtivo envolver os países, as pessoas, a fim de partilhar as experiências
e de uma forma mais indireta tentar convencer a fazer aquilo que faz parte das
normas internacionais, como a questão dos direitos humanos ou da boa
governação", considerou.
"Os
efeitos do isolamento são mais maléficos ou prejudiciais comparando com a
abertura e o envolvimento, com a participação ativa e o intercâmbio",
considerou.
Rui
Araújo disse que "foi esse o princípio advogado por Timor-Leste na adesão
da Guiné Equatorial" e que apesar da preocupação "de que a Guiné
Equatorial que não estava à altura de assumir as suas responsabilidades, foi
bom essa coragem de abrir a porta".
"Avançar
com essa aceitação, do ponto de vista de Timor-Leste, está a mostrar os seus
efeitos positivos", considerou.
Integram
a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
ASP
// VM
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