Sydney,
Austrália, 21 nov (Lusa) -- A fertilidade dos corais da Grande Barreira ficou
reduzida este ano pelo fenómeno de branqueamento, o pior registado naquela zona
do nordeste australiano, alertou hoje o Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
Anualmente,
os corais sincronizam a expulsão de biliões de óvulos e espermatozoides,
fenómeno descrito como uma "tempestade de neve submarina", que faz
com que os pólipos dos corais bebés surjam à deriva durante a desova e desçam
para se fixar no recife, ajudando-o a crescer ou a reconstruir-se.
Contudo,
este ano, este evento reprodutivo não sucedeu com toda a sua intensidade,
segundo mostram fotografias do WWF na ilha Lizard, no norte da Grande Barreira
de Coral.
"Primeiro
o branqueamento matou muitos dos corais da ilha Lizard e agora os que ficaram
têm tido problemas para desovar este ano", disse o porta-voz daquela
organização ambientalista na Austrália, Richard Leck, em comunicado.
"O
branqueamento teve impacto na fertilidade dos corais que sobreviveram",
acrescentou.
A
Grande Barreira de Coral, declarada Património da Humanidade em 1981, com 2.500
recifes individuais que albergam corais únicos, 1.500 espécies de peixe e
milhares de tipos de moluscos, começou a deteriorar-se na década de 1990 devido
ao duplo impacto do aquecimento da água do mar e do aumento do grau de acidez
por causa de uma presença maior de dióxido de carbono na atmosfera.
Atualmente,
enfrenta a pior crise causada pelo branqueamento dos corais.
Este
fenómeno acontece quando, devido à subida da temperatura da água do oceano, os
corais expelem as algas simbióticas que vivem nos seus tecidos, que lhes
imprimem coloração e lhes fornecem nutrientes.
A
ausência prolongada desse tipo de alga leva à morte dos pólipos de coral.
O
branqueamento matou este ano 22% dos corais deste ecossistema, apesar de na
seção norte da Grande Barreira a taxa de mortalidade ser maior, segundo a WWF.
DM
(ANC) // MP
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