terça-feira, 22 de novembro de 2016

Luta pela democracia em Macau "sofre de deficiência congénita" - deputado


Macau, China, 21 nov (Lusa) - O deputado de Macau Au Kam Sam afirmou hoje que, ao contrário de Hong Kong, a luta pela democracia na região "sofre de uma deficiência congénita", mas que a estabilidade social precisa do sufrágio direto e universal.

Au Kam Sam, pró-democrata, lembrou que ao contrário do que aconteceu em Hong Kong, a Lei Básica de Macau, em vigor desde que a cidade deixou de ser administrada por Portugal, em 1999, não estabelece o voto universal como "o objetivo final" na eleição do líder do Governo.

Em Hong Kong, "foram muitas solicitações da sociedade local" e esse compromisso acabou por entrar na lei que funciona como uma constituição para a região. Já em Macau "foram poucas as solicitações" e a "luta pelo sistema político democrático (...) sofre de uma deficiência congénita" por o mesmo compromisso não ter sido assumido quando a Lei Básica foi definida, em 1993, acrescentou.

No entanto, "a democracia é uma tendência mundial e Macau não pode ficar para trás", afirmou, sublinhando que Macau viveu nas últimas décadas "alterações profundas", incluindo aquilo que é considerado "um milagre económico", e está hoje longe daquilo que era em 1993 e 1999.

Na Assembleia Legislativa, só 40% dos deputados são eleitos por sufrágio direto e o chefe do executivo é eleito por um colégio.

"Trata-se de uma situação que origina conluio entre governantes e empresários, tráfico de interesses, corrupção e falta de responsabilização dos governantes, afetando a estabilidade social e os fundamentos da sociedade. Assim, para corresponder à abertura e ao desenvolvimento da economia, a promoção progressiva da reforma democrática assume-se como inevitável", afirmou.

Au Kam Sam levou mais uma vez esta questão ao plenário depois de na semana passada o líder do Governo de Macau, Fernando Chui Sai On, ter dito aos deputados que o método de eleição do chefe do executivo manter-se-á inalterado em 2019 e defender que a escolha por colégio se adequa à realidade local.

Chui Sai On citou o Anexo I da Lei Básica, respeitante à revisão da metodologia para a escolha do chefe do Executivo - ratificada em 2012 pelo Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular Nacional da China (ANP) - que alargou o universo da comissão eleitoral para a eleição do quarto mandato do líder do Governo em 2014 de 300 para 400 membros, uma disposição que se aplica à "escolha do quinto mandato" (em 2019) e "dos mandatos posteriores até à sua alteração de acordo com os procedimentos legais".

Além disso, invocou outras "prioridades": "Estamos agora em fase de ajustamento profundo e a primeira missão do Governo é manter a prosperidade e estabilidade da sociedade e promover a diversificação adequada da economia e melhorar o nível de vida da população".

Fernando Chui Sai On cumpre atualmente o seu segundo mandato, pelo que em 2019 não poderá candidatar-se ao cargo.

MP (DM) // VM

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