HOMENAGEM - PARA
O COMPANHEIRO GEORGE JUNUS ADITJONDRO
Chegou-me
a triste notícia hoje, dia 10 de Dezembro de 2016, da morte do
"Companheiro da Luta" Dr. George Junus Aditjondro. Vai o meu profundo
pesar e sentidas condolências a família Aditjondro na Indonésia.
George, cidadão Indonésio, Professor e académico (Universidade Satya Wacana Salatiga), figura rara dos anos 80 e 90, singular e extraordinário que conheci pela causa Timor-Leste.
Opôs-se
publicamente contra o regime militar de Suharto à invasão de Timor-Leste e
desafiou seus concidadãos Indonésios sobretudo javaneses na reeducação pela
luta de Libertação do Povo Maubere contra a ocupação Indonésio, contra a
indonesiação do Timor-Leste (aliás javansisasi), contra a mistificação do
Império Indonésio - "wawasan nusantara" através da indotrinação do
conhecido P4 (P empat); contra a submissão subserviente de povos oprimidos e a
neo-colonização de Timor-Leste pela Indonésia. Denunciou publicamente as mortes
por fuzilamento, as prisões arbitrárias, a conivência dos Estados Unidos e o
fornecimento do seu material bélico para a invasão de Timor-Leste.
Educador
incansável pela causa timorense no seu próprio País, Indonésia, desconstruiu o
engodo político anticomunismo para anexação do território e a máquina de guerra
feita pelos generais Indonésios...Cedo tornou-se companheiro de luta e amigo
dos estudantes timorenses na diáspora Indonésia nos momentos mais marcantes da
luta pela libertação para a Independência de Timor-Leste.
"Companheiro
George" assim quis que fosse retratado o seu nome como activista ligado a
causa timorense...recordo-me da sua primeira participação nas conferências
Jornadas do Porto sobre Timor-Leste organizado pelo Professor Barbedo de
Magalhães nos anos 80 e 90. Sendo cidadão Indonésio entrar em Portugal no
período de relações diplomáticas cortadas desde 1975 não era tido nem achado
com bons olhos no solo Português devido a invasão e anexação do Território.
Contou-me que valeu-lhe a carta que me pediu que endereçasse ao Professor
Barbedo. Escrevi a carta ao Professor e George o portador da missiva. A carta
serviu-lhe de "passaporte de confiança" para entrar em Portugal e a
contra-senha para participar na Jornadas do Porto sobre Timor-Leste, sobretudo
porque os timorenses na diáspora portuguesa não tolerava vêr Indonésios e o ter
desconfiado como agente infiltrado da BAKIN ou BAKOSTARNAS.
Recordo-me
dos seus ensaios, dissertações, livros e relatórios que escreveu. O Monte
Ramelau (original: Gunung Ramelau) que escreveu depois de visitar
"TimTim" de então onde denunciou os fuzilamentos, as mortes por
espancamento e empurrados no desfiladeiro abaixo, conhecido por "via
Jakarta" em Ainaro, o uso de bombas napalm nos bombardeamento e cerco de
aniquilamento, as denuncias públicas na Rádio Netherland sobre a invasão
indonésio no fatídico dia 7 de Dezembro de 1975 em oposição o poder de Jakarta
sobre o "deklarasi Balibó". Desafiou os generais Indonésios, a
"TNI" sobre a existência da Resistência Armada e a determinação da
luta das FALINTIL.
Conhecedor da politica timorense e da postura política dos líderes timorenses manifestado através dos seus artigos de opinião, fomentava a educação pela liberdade de Paulo Freire, a desmistificação... O Lusotropicalismo timorense, as assimetrias sociais e o contraste da miscenização portuguesa e a holandesa na ilha de Timor, a característica peculiar da identidade latina e cristã do Povo de Timor-Leste eram temas que se debatia vivamente nos meandros da indelével Universidade Satya Wacana Salatiga...
Contou-me das visitas que fez aos prisioneiros políticos timorenses no Cipinang em Jakarta e em Semarang na Java Central.
Recordo este cidadão Indonésio especial e o que fez por Timor-Leste... e hoje presto a devida homenagem e reconhecimento. Até sempre "Companheiro George".
Raimanso
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