sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

EX-MINISTRA FOGE À JUSTIÇA TIMORENSE E REFUGIA-SE NO PAÍS DOS “FILHOS DA PUTA”


António Veríssimo, Lisboa

Emília Pires, ex-minisra das Finanças dos governos de Xanana Gusmão, é a protagonista de uma triste novela em que vai ter de se ver condenada pelo Tribunal Distrital de Díli. Na atualidade anda fugida à justiça timorense e refugiou-se em Portugal depois de várias peripécias que em nada abonam a seu favor. O noticiário sobre aquela personagem é vasto e títulos de trabalhos jornalísticos é o que não falta para os que tiverem curiosidade de conhecer minimamente o caso. No final dispomos alguns títulos com ligação aos respetivos textos para oferta do conhecimento ou reler e recordar o que já possa estar esquecido.

Após um longo processo material e temporal o Tribunal de Díli aguarda a presença de Emília Pires para dar a conhecer a sentença. Fala-se em 10 anos de prisão para a ex-ministra mas fonte próxima da justiça timorense julga saber que em vez de 10 anos o tribunal "punirá os crimes cometidos por Emília Pires num máximo de 5 a 7 anos de prisão".

Por possuir a informação de que a punição para os crimes cometidos incluem prisão Emília aproveitou - com autorização do TDD para viajar ao estrangeiro em representação do Estado Timorense - para fugir e não regressar a Timor-Leste. Primeiro durante uns dias acoitada na Austrália e depois acabou por se refugiar em Portugal, dizendo então que quer ser julgada em Portugal, alegando não confiar na justiça timorense. De salientar que Emília Pires possui dupla nacionalidade: timorense e portuguesa. E que agora, estranhamente, confia na justiça em Portugal.

Especialistas em procedimentos da justiça afirmam que é impraticável e impossível Emília poder ser julgada em Portugal pelo crime de que vem sendo acusada pela justiça timorense, apesar de também possuir nacionalidade portuguesa. O que não invalidou que a fugitiva entregasse na Embaixada de Timor-Leste em Portugal requerimento e tese dessa pretensão ao Tribunal de Díli.

Os meandros de toda esta “novela” são vastos mas também quase nada transparentes. “Uma balbúrdia que vai dar a nada porque a arguida vai ter de se apresentar à justiça timorense, ao TDD, para que o desenvolvimento dos procedimentos legais sejam cumpridos. Terá de se sujeitar como todos os que são julgados e dependem da decisão dos tribunais. Culpada ou inocente, é o que terá de ouvir sentenciado e qual a punição correspondente se for considerada culpada”, afirmou a fonte judicial que contactámos para melhor entendermos o que se prevê que aconteça neste processo em que a ex-ministra está envolvida.

Observando no tempo ido afirmações de Emília Pires temos de considerar estranho que a foragida se faça valer da sua dupla nacionalidade e agora se afirme portuguesa. Não há assim tanto tempo (2010) que dos portugueses e de Portugal Emília fazia juízos ordinariamente depreciativos que chegaram ao conhecimento público via Jornal Digital, referindo inclusive que “nunca odiei tanto os portugueses como agora. Um grupo de gananciosos, que enquanto colonizadores nunca fizeram nada para desenvolver o país, que durante o tempo da resistência nos empurraram para nos transformar num problema internacional e que depois que a comunidade internacional nos acolheu, os cabr… estão a voltar com supostos projectos que não são outra coisa do que uma forma de roubar o nosso dinheiro”.

Ao contrário de há quase 7 anos atrás Emília refugiou-se em Portugal em busca de proteção e justiça, entre os portugueses “filhos da puta e cabrões” que até roubam os timorenses. Temos assim a prova mais que provada que Emília, ex-ministra que destila ódio pelos portugueses é uma pessoa de caráter lodoso, para não dizer de caneiro, que tudo lhe serve desde que de sua conveniência. Para ela pouco importa que recorra a um país de “filhos da puta” e de “cabrões”, que até manifeste a sua nacionalidade portuguesa recorrendo os juízes que tanto critica e põe em dúvida as suas competências - como declarou também em 2010 quando afirmou que “não é necessário que os juízes saibam falar português, uma vez que em Portugal não têm sequer juízes competentes em número suficiente”. Parece que agora Emília até confia nos juízes e na justiça em Portugal…

Confia, ou é o que lhe convém para “empatar”, para baralhar e dar cartas de novo? Provavelmente num jogo viciado.

Para que melhor possamos avaliar aquela ex-ministra - agora convenientemente portuguesa – publicamos na integra a peça do Jornal Digital de 17 de Julho de 2010 de onde retirámos as citações que atrás referimos.

Convém esclarecer que em Portugal já existem políticos, ex-governantes, banqueiros e outros vigaristas constituintes de um polvo mafioso de grandes proporções. E também que em Portugal os portugueses consideram muito bem-vindos os seus irmãos queridos de Timor-Leste, os timorenses. O mesmo não se poderá dizer dos que alegadamente podem ser potenciais criminosos que causaram dolo aos bens e interesses legítimos da Pátria Timorense e, consequentemente, ao seu povo. Desses temos por aqui muitos. Demasiados e impunes. Também em Portugal existe um adágio que poderá esclarecer como Emília poderá ser considerada no país dos “gananciosos” e dos “filhos da puta”. É dito popular: “quem não deve não teme”.

Pelo visto Emília teme. O que teme Emília Pires?

AV / MM

Como prometido, do jornal Digital:

Críticas sobre os portugueses mancham imagem da Ministra das Finanças de Timor-Leste

Jornal Digital - 17 Julho 2010

Uma série de e-mails datados de 2006 e agora divulgados revelam críticas de Emília Pires, actual Ministra das Finanças timorense, à presença portuguesa no território. Nos emails Emília Pires apelida os portugueses de "Filhos de uma grande p..."

Comentando uma proposta de investimentos de uma empresa portuguesa para Timor-Leste, feita ao então Primeiro Ministro Ramos Horta, Emília Pires apelida os portugueses de «Filhos de uma grande p... Estes cabr… só estão aí para roubar dinheiro...é como aquelas nonas portuguesas que dizem vir ensinar português aos nossos».

A agora Ministra das Finanças timorese, considerada uma das figuras mais próximas do Primeiro-Ministro Xanana Gusmão, refere ainda, no seguimento desta proposta, que «nunca odiei tanto os portugueses como agora. Um grupo de gananciosos, que enquanto colonizadores nunca fizeram nada para desenvolver o país, que durante o tempo da resistência nos empurraram para nos transformar num problema internacional e que depois que a comunidade internacional nos acolheu, os cabr… estão a voltar com supostos projectos que não são outra coisa do que uma forma de roubar o nosso dinheiro».

Na troca de e-mails, Emília Pires chega mesmo a pedir a uma das suas interlocutoras (que viria a ocupar o cargo de assessora de imprensa do Ministério das Finanças, já sob tutela de Emília Pires) para accionar os seus contactos jornalísticos em Timor e avançar com uma campanha para «minar» as possibilidades da concretização desta proposta de investimentos.

Emília Pires critica ainda a presença de juízes portugueses em Timor-Leste. Segundo a Ministra das Finanças, «não é necessário que os juízes saibam falar português, uma vez que em Portugal não têm sequer juízes competentes em número suficiente».

Mas as críticas de Emília Pires têm também destinatários internos. Num dos e-mails, Emília Pires critica fortemente Longuinhos Monteiro, então Procurador Geral da República timorense e actual Comandante geral da Polícia Nacional de Timor-Leste, por este ter recusado nomear um adjunto estrangeiro para auxiliar o Ministério Público nos casos da crise 2006. Emília diz de Longuinhos que «o estúpido nem sequer sabe ler documentos legais!!! Vamos ter problemas se ele não tiver ajuda de topo.»

O Timor Digital tentou obter um comentário de Emília Pires, mas não houve qualquer resposta por parte dos responsáveis do Ministério das Finanças.

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