Macau,
China, 16 dez (Lusa) - As aves de capoeira vão voltar a ser postas à venda em
Macau no domingo, depois de, na terça-feira, ter sido detetado o vírus da gripe
aviária no mercado abastecedor, originando a primeira infeção humana na cidade.
Segundo
o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), a importação de aves
vivas, que estava suspensa, será restabelecida no sábado. Os animais vão ser
"inspecionados por amostra" no mercado abastecedor e se não for
verificado "qualquer resultado anormal", serão postos à venda no
domingo.
Em
comunicado, o IACM diz ainda que antes da comercialização, "proceder-se-á,
de novo, à limpeza e desinfeção profunda das bancas que a essa venda se
dedicam".
Na
terça-feira, as autoridades de Macau abateram cerca de 10 mil aves de capoeira
e suspenderam a sua venda depois de o vírus ter sido detetado num 'stock' de
500 galinhas sedosas. Por motivos de segurança, foram abatidas todas as aves
que se encontravam no mercado abastecedor, incluindo 6.730 galinhas e cerca de 3.000
pombos.
Na
madrugada de quarta-feira, as autoridades anunciaram que, devido ao contacto
com os animais, um homem tinha sido infetado com o vírus, sendo o primeiro caso
detetado num humano em Macau.
O
homem de 58 anos, dono de uma banca de venda de aves por grosso, foi sujeito a
testes no hospital que deram positivo, indicando que estava infetado com H7N9.
O homem não apresentava sintomas e foi colocado na ala de isolamento, a receber
tratamento.
O
dono da banca foi uma das duas pessoas a contactar com as aves infetadas. O
outro foi o condutor do veículo de transporte das galinhas que, sendo da China,
foi encaminhado para as autoridades chinesas.
As
autoridades apuraram que a mulher do homem infetado terá sido a única pessoa
com quem teve contacto próximo, considerando-se, por isso, baixo o risco de uma
epidemia.
Esta
foi pelo menos a terceira vez este ano que o vírus da gripe aviária foi
detetado em Macau.
O
Governo já defendeu que, por motivos de saúde pública, deveria deixar de haver
venda de aves vivas. No entanto, a medida continua sem data já que um estudo
realizado em junho deste ano revelou alguma oposição popular, tendo em conta a
importância que a população dá à carne fresca, em particular em épocas festivas
como o Ano Novo Chinês.
"Temos
de repensar se devemos ou não vender aves refrigeradas. Talvez possamos alterar
o nosso costume e substituir as aves vivas por refrigeradas. Vai depender do
mercado, da aceitação da população. Já estamos a reforçar a divulgação e
adicionar bancas que vendem aves refrigeradas", disse na terça-feira à
noite o presidente do IACM, José Tavares.
O
estudo divulgado em junho indicou que quatro em cada dez residentes de Macau
opõem-se à substituição de aves vivas por refrigeradas.
O
inquérito, destinado a avaliar a reação do público à medida que o governo de
Macau pretende aplicar para prevenir surtos de gripe aviária, conclui que 42,2%
dos 1.026 inquiridos manifestam-se contra ou absolutamente contra a medida,
24,2% exprimiram concordância ou absoluta concordância e 33,3% afirmaram serem
indiferentes ao assunto.
O
relatório do estudo de opinião pública, realizado em novembro e dezembro de
2015 pelo Instituto Politécnico de Macau, e que cobriu também as preferências
de consumo e os hábitos de compra, correlaciona o nível de conhecimento sobre
os riscos de saúde com a posição manifestada pelos entrevistados.
ISG
(DM/MP) // VM
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