Díli,
07 mar (Lusa) - A missão de observação da União Europeia (UE) às eleições
timorenses retirou do país uma das suas observadoras por esta ter perguntado ao
atual chefe de Estado, num encontro público, o que ia fazer após sair do cargo.
O
caso assumiu proporções mediáticas porque pela primeira vez, na resposta à
observadora lituana, o Presidente da República, Taur Matan Ruak, declarou
publicamente, que vai ser candidato a primeiro-ministro em julho.
"O
Presidente tem um plano para o futuro: o meu partido é o PLP. Quando eu ganhar
eu vou ser chefe do Governo. Eu sei que não posso deixar de combater com o CNRT
e a Fretilin", disse Taur Matan Ruak que falava num encontro com a
população na segunda cidade do país, Baucau.
O
chefe de Estado respondeu assim à pergunta da observadora, a lituana Ruta
Avulyte Jelage, que lhe perguntou o que ia fazer depois das eleições, uma das
questões que mais debate político tem suscitado em Timor-Leste.
Vídeos
e transcrições da pergunta e resposta espalharam-se rapidamente nas redes
sociais e em alguma imprensa, dando grande visibilidade ao momento.
Apesar
de nos últimos anos se apontar repetidamente a possibilidade de que Taur Matan
Ruak seria candidato a primeiro-ministro, com o apoio do Partido de Libertação
do Povo (PLP), formalmente o chefe de Estado nunca o tinha confirmado.
Xabier
Meilan, número dois da missão de observação eleitoral da UE em Timor-Leste,
explicou à Lusa que foi decidido que a colocação das perguntas naquele contexto
ia além do papel da observadora, tendo-se optado por isso por a substituir.
"Esta
decisão foi tomada porque num ato público e na presença de meios de
comunicação, esta observadora fez perguntas de carater politico ao Presidente
da República que não se supõe que tinha que fazer um observador",
considerou Meilan.
"Não
digo que seja interferência política mas fazer perguntas de cariz político em
público a um ator político de relevância como é o presidente de um país, penso
que não é o trabalho de um observador. Então como consequência disso achamos
que era melhor substituir a observadora", referiu.
A
observadora partiu hoje de Timor-Leste e será substituída nos próximos dias,
confirmou Meilan.
Recorde-se
que a equipa de observação da UE está em Timor-Leste a convite do Governo
timorense para acompanhar as eleições presidenciais de 20 de março e
legislativas previstas para julho.
ASP
// SB
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