Viana
do Castelo, 15 dez (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje
que nada pode prejudicar as relações com Timor-Leste e que o gesto que o
Governo português pode dar é a continuidade das boas relações bilaterais e do
diálogo.
"Nada
pode complicar o excelente relacionamento bilateral que Portugal tem com
Timor-Leste. Somos países muito próximos. Nós devemos muito a Timor-Leste e
nunca nos esquecemos disso", afirmou Santos Silva.
Santos
Silva, que falava aos jornalistas à margem do II Encontro de Investidores da
Diáspora, que decorre até sábado, em Viana do Castelo, reagiu assim quando
questionado sobre as afirmações, hoje, do primeiro-ministro timorense, Mari
Alkatiri, que alertou o Governo português que a sua atitude em relação ao caso
do casal português que fugiu de Timor-Leste pode ferir as relações bilaterais e
apelou a "um gesto" de Lisboa para esclarecer a situação.
O
chefe da diplomacia portuguesa referiu que "o melhor gesto" que
Portugal pode "prestar a Timor-Leste é, justamente, continuar a demonstrar
o nosso enorme afeto por Timor-Leste, a nossa enorme proximidade com
Timor-Leste e a nossa convergência que, é quase total, em matéria política
externa nas organizações multilaterais".
Acrescentou
que após o sucedido "determinou imediatamente um inquérito à Inspeção
Geral Diplomática para saber se a secção consular da embaixada portuguesa em
Díli, que atribuiu os passaportes a esse casal, tinha infringido qualquer
disposição legal portuguesa".
"O
resultado foi que nenhuma disposição legal portuguesa tinha sido infringida. As
pessoas tinham direito ao passaporte português e o passaporte português
foi-lhes dado, justamente, em cumprimento desse direito. Claro que ter o
passaporte português não autoriza ninguém a cometer nenhuma ilegalidade, são
coisas completamente diferentes", frisou.
O
ministro dos Negócios Estrangeiros referiu que ao longo do processo tem estado
"em contacto" com seu congénere timorense e que "o teor do
relatório da Inspeção Geral Diplomática foi enviado, para Timor-Leste para que
toda a informação estivesse ao dispor das autoridades timorenses".
"Temos
continuado a intensificar a nossa cooperação bilateral", afiançou,
explicando que "o processo judicial decorrerá nos termos legais
aplicáveis".
"O
Governo não é parte em processos judiciais", destacou.
Mari
Alkatiri disse hoje à Lusa estar preocupado com o facto de a embaixada
portuguesa em Díli ter emitido os passaportes que Tiago e Fong Fong Guerra
tinham quando fugiram do país, apelando a Lisboa para que faça "um
gesto" em relação a esta situação.
"Estou
preocupado com a própria atitude da embaixada portuguesa ter emitido os
passaportes portugueses. Isso pode ferir as relações entre dois países irmãos,
e dentro da CPLP. Temos que gerir como deve ser esta situação", disse.
O
caso de Tiago e Fong Fong Guerra tem marcado um dos momentos mais tensos das
relações bilaterais recentes entre Portugal e Timor-Leste nos últimos anos,
provocando uma onda de críticas na sociedade timorense.
Condenados
a oito anos de prisão em Díli - o caso ainda não transitou em julgado porque
foi alvo de recurso - Tiago e Fong Fong fugiram para a Austrália, onde
chegaram, de barco, a 09 de novembro, tendo chegado a Lisboa a 25 de novembro.
ABYC
(ASP) // EL
Sem comentários:
Enviar um comentário