Díli,
16 dez (Lusa) - O primeiro-ministro timorense disse à Lusa que quer ouvir a
empresa francesa Bolloré, concessionária do novo Porto de Tibar, nos arredores
de Díli, para esclarecer aspetos relacionados com a subcontratação para a
empreitada da obra.
"Ainda
estou a tratar deste assunto. Já mandei chamar a Bolloré para conversar com
eles, e prefiro não me alongar muito em declarações públicas. Quero compreender
melhor esta situação", afirmou Mari Alkatiri.
"Naturalmente
que esta contratação da empresa chinesa pode parecer dentro dos critérios
contratuais que a Bolloré estabeleceu com Timor-Leste, mas ainda precisa de ser
tratado diretamente com eles", sublinhou.
Os
comentários surgem depois de alguma preocupação levantada em Díli relativamente
à decisão da Bolloré adjudicar a empreitada da obra do novo porto a uma empresa
chinesa que esteve seis anos na 'lista negra' do Banco Mundial.
Fontes
próximas ao processo explicaram à Lusa que a CHEC (China Harbour Engineering
Company), empresa pública chinesa pertencente ao Grupo CCCC (China
Communications Construction Company), foi a escolhida depois de um
"intenso processo negocial" com outros concorrentes ao projeto,
avaliado em 400 milhões de dólares (cerca de 354,8 milhões de euros).
Fontes
ligadas ao projeto em Díli manifestaram preocupação e lembraram que a CHEC
esteve na 'lista negra' do International Finance Corporation (IFC), o braço
privado do Banco Mundial, por "práticas fraudulentas".
Esta
suspensão, que terminou em 12 de janeiro deste ano, impedia a empresa de
participar em projetos financiados por estas entidades internacionais.
A
'lista negra' é usada por vários países e entidades para avaliar a idoneidade
de empresas. A suspensão ainda estava em vigor quando a CHEC se apresentou ao
concurso da Bolloré.
De
acordo com informação obtida pela Lusa, já depois do fim desta suspensão, a
CHEC esteve envolvida em polémicas em projetos no Zimbabué e no Gana, onde foi
acusada de práticas fraudulentas e de incapacidade de obtenção de
financiamento.
Entre
as queixas apresentadas, a empresa foi acusada de não cumprir o dever de
subcontratação de empresas locais e de alavancagem da economia local, preferindo
o modelo de concentração de todos os meios em recursos humanos, materiais e
equipamentos chineses.
A
primeira fase do projeto (construção, equipamento e operação do porto) do porto
está avaliada em 278,3 milhões de dólares dos quais o Governo timorense
financia 129,45 milhões de dólares e o parceiro privado os restantes 148,85
milhões.
O
anterior executivo já transferiu o valor que lhe competia no acordo, estando a
Bolloré a fechar o financiamento para a parte do seu investimento.
Na
segunda fase, já de exploração, a Bolloré prevê investir cerca de 211,7 milhões
de dólares, em grande parte provenientes das receitas da atividade portuária.
No
âmbito da primeira fase, a Bolloré iniciou há mais de um ano o concurso
internacional para adjudicar a empreitada da construção, tendo em setembro sido
escolhidos três finalistas, disseram à Lusa as mesmas fontes.
Os
finalistas foram um consórcio liderado pela francesa Éfarge e pela indonésia
Wicka Karya, um consórcio liderado pela CHEC e um consórcio liderado pelas francesas
Soletanche Bachy International e EMCC, pela belga Jon de Nul e pelas
portuguesas MCA e ACF.
Na
fase final do processo de negociação, foi excluído o primeiro (Efarge e Wicka
Karya), ficando apenas o consórcio chinês e o consórcio europeu.
Localizado
a cerca de 10 quilómetros a oeste de Díli, na baía de Tibar, o projeto contou
com a participação do IFC. O porto terá uma capacidade inicial de 226 mil
contentores (TEU), a qual será ampliada até uma capacidade para um milhão por
ano, com um cais de 330 metros e outro de 300 metros, devendo as primeiras
operações portuárias ser conduzidas em 2019.
ASP
// FV.
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