Díli, 10 jan (Lusa) - O
comandante das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) criticou hoje "os
inimigos" do país que tentam, como no tempo da resistência, "dividir
para reinar", procurando criar conflitos entre os líderes históricos.
"O inimigo tem sempre essa
intenção: de dividir para reinar. O inimigo tentou sempre dividir-nos no tempo
na resistência, mas não conseguiu e agora há quem tente de novo um plano de
dividir. Lançam boatos e fazem tudo para que entre nós entremos em contradição
e choque", afirmou Lere Anan Timur, em declarações no Palácio Presidencial
em Díli.
"As críticas que muitos
fazem não têm qualquer fundamento. Há quem critica o Xanana a dizer que está
fora, que não tem responsabilidade. Ou criticam o Mari. Xanana como Mari, como
qualquer líder construtor da nação teve a responsabilidade desde o início do
processo até agora", disse.
Xanana Gusmão, presidente do
Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT, maior força da oposição) e
negociador principal de Timor-Leste com a Austrália no processo de delimitação
de fronteiras marítimas e do acordo para a exploração do campo de Greater
Sunrise, no Mar de Timor, está ausente do país desde 11 de setembro.
Mari Alkatiri, secretário-geral
da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), partido mais
votado nas eleições de 22 de julho último, lidera um Governo minoritário de que
faz ainda parte o Partido Democrático e vários dirigentes independentes e
ligados a outras forças políticas, incluindo dois dos partidos da oposição.
Lere Anan Timur falava aos
jornalistas depois da sua reunião semanal com o Presidente da República,
Francisco Guterres Lu-Olo, durante a qual informou sobre "a situação
militar, política e geral em Timor-Leste".
"Não podemos questionar esta
gente (...) ninguém nos vai ensinar o que é o nacionalismo ou patriotismo. A
prática já o demonstrou", disse.
"Xanana, Mari, Ramos-Horta,
Lu-Olo têm que ser respeitados pelo que fizeram na luta por Timor. Respeito e
confiança. Respeito requer educação e confiança requer tempo",
acrescentou.
O comandante das F-FDTL é um dos
líderes da segunda geração de combatentes contra a ocupação indonésia e
atualmente é uma das vozes influentes no espaço público e político timorense.
As suas intervenções são, por
vezes, criticadas pelo seu conteúdo político, algo que o militar rejeitou, afirmando
que a formação dos militares também é uma formação política e que "quando
se fala de estratégia também se fala de política".
Timor-Leste vive há vários meses
um período de incerteza política com a oposição, maioritária no Parlamento
Nacional, a chumbar o programa do Governo e uma proposta de Orçamento
Retificativo, tendo apresentado já uma moção de censura ao executivo e uma
proposta de destituição do presidente do parlamento.
O país vive desde 01 de janeiro
em sistema de duodécimos, sem orçamento de Estado e com o futuro do país a
estar nas mãos do Presidente timorense que pode, ainda este mês, decidir se há,
ou não, eleições antecipadas para resolver o impasse.
ASP // EJ
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