Díli, 19 nov (Lusa) - Os
comandantes de polícias fora de serviço que mataram três jovens a tiro numa
festa, na madrugada de domingo num bairro em Díli, têm que responder pelo caso,
declarou hoje o ministro da tutela.
"A lei e os regulamentos são
muito claros. O último foi um despacho emitido em 2016 em que expressamente se
exige que ninguém que não esteja em serviço saia com as armas", disse à
Lusa o ministro interino do Interior e Segurança e ministro da Defesa, Filomeno
Paixão.
"Neste caso os quatro
estavam fora de serviço e levavam armas. Eu, pessoalmente, digo que os
comandantes têm que responder", afirmou.
Filomeno Paixão falava depois de
participar com o comandante da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), Julio
Hornay, num encontro com o primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak, sobre
o incidente na madrugada de domingo.
Pelo menos dois agentes da PNTL,
fora de serviço, efetuaram disparos numa festa num bairro no centro de Dili,
dos quais resultaram três mortos e três feridos, dois ainda em estado grave.
Quatro polícias timorenses, dois
que dispararam e dois outros que estavam no mesmo local também armados, foram
detidos "desfardados, desarmados e suspensos preventivamente durante 90
dias", disse à Lusa o comandante da PNTL, Julio Hornay.
Duas das vítimas mortais, Leo, de
18 anos e Eric, de 24, deixaram mulheres e filhos pequenos. Kevin, 18 anos,
solteiro, foi a terceira vítima mortal.
Paixão admitiu que apesar de não
terem tanta gravidade, não era a primeira vez que ocorriam casos idênticos de
ações indevidas de polícias quando estavam fora de serviço, o que exige medidas
adicionais.
"É necessário, sim senhor.
Estou a acompanhar essa questão há muito tempo e hoje disse ao
primeiro-ministro que há mais casos deste género com efetivos da PNTL do que
das [Forças de Defesa de Timor-Leste] F-FDTL. Há uma diferença e temos que
agir", afirmou.
"Estamos a rever toda a
legislação para ver se está tudo de acordo com a doutrina que fomos aprendendo.
Nesta senda pretende-se que se acerte muita coisa que não está de acordo com a
doutrina que adotámos. E também, principalmente, é preciso firmar uma ação de
comando mais consistente com esta questão", afirmou.
À população em geral, Paixão
disse que, até agora, nenhum caso idêntico "ficou impune" e que todas
as violações da lei por parte de agentes "têm sido julgadas", o que
também ocorrerá neste caso.
"Este caso vai ser
investigado e levado até às máximas consequências. Posso garantir isso à
comunidade", disse, deixando também as condolências às vítimas e às
famílias.
"Às famílias das vítimas, e
em nome do Governo, expresso profunda mágoa, sentimentos e pêsames por esta
tragédia que ninguém esperava. Temos que enfrentar a situação. O comissário já
confirmou que vai coordenar com as famílias para dar todo o apoio que seja
necessário", disse.
Acompanhado de vários elementos
do comando da PNTL, Julio Hornay esteve com as famílias das vítimas mortais,
tendo em seguida visitado os feridos ainda internados no Hospital Nacional
Guido Valadares, aos quais prometeu apoio.
"A responsabilidade moral,
como comando, é apoiar as famílias neste momento. Vamos dar todo o apoio necessário",
afirmou.
ASP // EJ
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