terça-feira, 20 de novembro de 2018

PNTL | Comandantes de agentes fora de serviço que mataram jovens em Díli devem responder -- ministro


Díli, 19 nov (Lusa) - Os comandantes de polícias fora de serviço que mataram três jovens a tiro numa festa, na madrugada de domingo num bairro em Díli, têm que responder pelo caso, declarou hoje o ministro da tutela.

"A lei e os regulamentos são muito claros. O último foi um despacho emitido em 2016 em que expressamente se exige que ninguém que não esteja em serviço saia com as armas", disse à Lusa o ministro interino do Interior e Segurança e ministro da Defesa, Filomeno Paixão.

"Neste caso os quatro estavam fora de serviço e levavam armas. Eu, pessoalmente, digo que os comandantes têm que responder", afirmou.

Filomeno Paixão falava depois de participar com o comandante da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), Julio Hornay, num encontro com o primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak, sobre o incidente na madrugada de domingo.

Pelo menos dois agentes da PNTL, fora de serviço, efetuaram disparos numa festa num bairro no centro de Dili, dos quais resultaram três mortos e três feridos, dois ainda em estado grave.

Quatro polícias timorenses, dois que dispararam e dois outros que estavam no mesmo local também armados, foram detidos "desfardados, desarmados e suspensos preventivamente durante 90 dias", disse à Lusa o comandante da PNTL, Julio Hornay.

Duas das vítimas mortais, Leo, de 18 anos e Eric, de 24, deixaram mulheres e filhos pequenos. Kevin, 18 anos, solteiro, foi a terceira vítima mortal.

Paixão admitiu que apesar de não terem tanta gravidade, não era a primeira vez que ocorriam casos idênticos de ações indevidas de polícias quando estavam fora de serviço, o que exige medidas adicionais.

"É necessário, sim senhor. Estou a acompanhar essa questão há muito tempo e hoje disse ao primeiro-ministro que há mais casos deste género com efetivos da PNTL do que das [Forças de Defesa de Timor-Leste] F-FDTL. Há uma diferença e temos que agir", afirmou.

"Estamos a rever toda a legislação para ver se está tudo de acordo com a doutrina que fomos aprendendo. Nesta senda pretende-se que se acerte muita coisa que não está de acordo com a doutrina que adotámos. E também, principalmente, é preciso firmar uma ação de comando mais consistente com esta questão", afirmou.

À população em geral, Paixão disse que, até agora, nenhum caso idêntico "ficou impune" e que todas as violações da lei por parte de agentes "têm sido julgadas", o que também ocorrerá neste caso.

"Este caso vai ser investigado e levado até às máximas consequências. Posso garantir isso à comunidade", disse, deixando também as condolências às vítimas e às famílias.

"Às famílias das vítimas, e em nome do Governo, expresso profunda mágoa, sentimentos e pêsames por esta tragédia que ninguém esperava. Temos que enfrentar a situação. O comissário já confirmou que vai coordenar com as famílias para dar todo o apoio que seja necessário", disse.

Acompanhado de vários elementos do comando da PNTL, Julio Hornay esteve com as famílias das vítimas mortais, tendo em seguida visitado os feridos ainda internados no Hospital Nacional Guido Valadares, aos quais prometeu apoio.

"A responsabilidade moral, como comando, é apoiar as famílias neste momento. Vamos dar todo o apoio necessário", afirmou.

ASP // EJ

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