Testemunhos das operações
militares na Guerra Colonial ou relativos à saída de Timor Leste para
conhecimento público
Lisboa, 20 abr 2019 (Lusa) --
Mais de um quilómetro de documentos foram desclassificados e estão agora
acessíveis ao público que pode consultar testemunhos das operações militares na
Guerra Colonial ou relativos à saída de Timor Leste, revelou a Marinha
Portuguesa.
"Operações militares nas
antigas colónias, ações de combate e planeamento assim como correspondência
trocada entre unidades militares, relatórios de comandantes e interação entre
as ex-colónias e a metrópole da altura" são alguns dos tipos de documentos
que a Comissão de Desclassificação de Documentos decidiu tornar públicos,
contou à Lusa o tenente Mário Dias, da Marinha Portuguesa.
Nos dois últimos anos, a Comissão
de Desclassificação de Documentos (CDD) analisou "milhões de
documentos", na sua maioria relacionados com a Guerra Colonial, com
ocupariam 1,3
quilómetros de extensão, explicou.
Foram quase todos
desclassificados e estão agora acessíveis ao público na Biblioteca Central de
Marinha - Arquivo Histórico, situado no edifício da Cordoaria Nacional, em
Lisboa.
São "documentos
classificados já com algumas décadas que são interessantes tanto para a
história nacional como para muitos processos de investigação que decorrem em
todo o país", afirmou o tenente Mário Dias, lembrando os milhares de
documentos e informações que foram trocados durante a Guerra Colonial e que
deixaram de ser secretos.
A saída de Portugal de Timor
Leste ou os combates na India em 1961 - durante a invasão do Estado Português
da Índia pelas forças militares da União Indiana -- são outros dos
acontecimentos históricos que também se podem agora tornar mais claros, já que
os documentos da Marinha foram desclassificados.
A maioria dos documentos
analisados diz respeito a acontecimentos entre os finais da década de 50 até à
década de 90 do século passado, sendo essenciais para ajudar "a
contextualizar todas as últimas décadas da história nacional", explicou o
tenente Mário Dias.
Também existem testemunhos
anteriores a 1950, mas são numa percentagem mais insignificante, assim como são
"uma percentagem mínima" os documentos que continuam secretos.
À Lusa, o tenente explicou que a
CDD mantem classificados os documentos quando existe "superior interesse
do Estado e dos cidadãos": "Se houver informação que possa perigar o
interesse do Estado ou que haja cidadãos nacionais ali referenciados de uma
forma ou de outra, a comissão analisa e mantem classificado".
A Comissão de Desclassificação de
Documentos começou a trabalhar em fevereiro de 2017 mas ainda tem muito
trabalho pela frente.
Ainda há cerca de "dez mil
metros lineares de documentação no arquivo histórico e outros 10 mil metros
lineares no arquivo intermédio da Marinha Portuguesa" para analisar,
contou o Tenente Mário Dias.
SIM // PJA
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